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kamelo #110 | 🦸♀️ líderes não são heroínas
o que fazer quando não há super-poderes?
agora temos nosso site: kamelo.news
🌍 atlas tinha o mundo nas costas
pela mitologia grega o castigo de Atlas era carregar o mundo nas costas... quantas vezes não nos sentimos um pouco Atlas, principalmente quando nos vemos diante das dúvidas que temos... para Atlas: "não existem contradições, sempre que você achar que está diante de uma, verifique suas premissas, você vai descobrir que uma delas está errada".
DIRETO AO PONTO
🦸♀️ quais super-poderes das lideranças?
criamos um perfil de liderança cujo poder é aguentar o peso de suportar negócios complexos em cenários incertos de uma corrida desenfreada pelo sucesso...
mas será que esse tal poder da liderança está atrelado a capacidade de levar todo o peso do negócio nas costas? será que esse “super-poder” realmente existe e, se existir, faz sentido nos cenários reais conhecidos?
é difícil encontrar referências de pesquisas que mostrem aspectos comportamentais das lideranças, especialmente com fontes nacionais. essa da norwest venture partners feita em 2018 foi a que achei mais interessante para minha análise, e que não parece ser tão diferente de hoje...
quem é essa(e) líder?
há quatro aspectos da pesquisa que me chamaram atenção e que vale um olhar mais profundo, lembrando que esses dados são de 2018, mas parecem se manter de forma semelhante atualmente:
1️⃣ qual a visão sobre equilíbrio entre o pessoal e o profissional
71% diz dormir mais de 6h|dia;
60% faz algum exercício regular;
45% costuma ler por prazer;
29% tiveram a vida pessoal afetada pelo trabalho.
hoje problemas como burnout são frequentes nos ambientes de trabalho, independente do impacto das [muitas] mudanças que vivemos nos últimos dois anos, mas pela forma que estamos encarando o papel do trabalho nas nossas rotinas.
por mais que o sentimento de sobrecarga acabe nos perseguindo, precisamos definir nosso período disponível ao trabalho, definição que não pode tirar [recorrentemente] nosso tempo de descanso, sono e outras atividades meramente pessoais.
no começo desse ano resolvi mudar alguns aspectos da minha rotina, corriqueiramente estou disponível ao trabalho das 9am às 5pm, tempo suficiente se me mantenho focado no que preciso fazer [bem] todos os dias.
2️⃣ quais os medos mais comuns
49% medo de não ter um modelo que gere receita;
49% medo de conseguir captar investimento (sabendo que 79% estão buscando investimento periodicamente).
quando olhamos os aspectos cujo medo é mais comum, percebemos que o contexto financeiro é o que mais assusta e, por mais que estejamos falando "da mesma coisa” não podemos encará-los da mesma forma.
por um lado quando olhamos para o medo de ter um negócio rentável estamos falando de sustentabilidade que manterá o negócio ativo e alinhados às demandas de mercado no médio e longo prazos.
por outro está a demanda de captação que vem como consequência da análise sobre os resultados conquistados até então e o entendimento do que está sendo projetado como próximos passos para o negócio.
3️⃣ quais as hard skills mais desejadas
53% conhecimento sobre operações
51% conhecimento em finanças
36% conhecimento em vendas
quando me conecto com startups que estão no início das suas jornadas, identifico uma [recorrente] falta de conhecimento técnico em algumas áreas fundametais em todo negócio. as três listadas na pesquisa como mais comuns se mostram bem atuais.
quando olhamos para empreendedoras(es) de primeira viagem, percebemos que há uma falta de conhecimento mais profundo sobre áreas gerenciais, como a gestão do time, gestão financeira e gestão estratégica (que está alinhado com o mercado).
por outro lado, adquirir [um bom] conhecimento sobre essas áreas está cada vez mais rápido e acessível, é como que esse eles sejam obtidos de forma estruturada quando entregues por programas de aceleração, por exemplo.
4️⃣ os papéis mais difíceis de contratar
38% profissionais para o comercial
37% profissionais de tecnologia
25% profissionais de gestão e|ou operações
esse é o dado da pesquisa que entendo ter passado pela maior mudança de 2018 pra cá, especialmente quando olhamos o atual contexto de identificação e contratação de profissionais de tecnologia em meio a escassez que estamos vivendo, falei sobre isso na edição #77.
tirando o cenário das(os) profissionais de tecnologia, percebemos que não é trivial a contratação de bons perfis para assumir responsabilidades comerciais e gerenciais, mas nesses dois casos há alguns aspectos do negócio que podem aumentar essa dificuldade:
a atuação comercial nas startups será efetiva se bem conectada com a área de produto, uma vez que o produto é o vetor diretor do negócio e está em constante evolução.
perfis que possam assumir responsabilidades gerenciais precisam ter experiência com métodos baseados no ágil para que não seja um fator de "trava" como falar na edição #109.
costumamos manter nossas dificuldades e responsabilidades em silencio... expor as dificuldades ainda é visto como sinal de fraqueza... as lideranças precisam (re)aprender a ser humanas e não super pessoas que não erram.
separei três aprendizados que tive quando liderei minha última startup:
1️⃣ aprenda a lidar com seus medos... eles são só seus
estar à frente de uma startup gera [comumente] três tipos de medo:
(1) o medo de agir mal, ou seja, o medo de se arrepender de algo comportamento que temos, mas nossos comportamentos podem ser entendidos e trabalhados todos os dias;
(2) o medo de ter nas mão algo que não podemos controlar, mas boa parte do que acontece nas startups é descoberta, questões que podem ser planejadas, mas não controladas. dai a importância de saber reagir e se adaptar ao inesperado;
(3) medo de falhar, ou de tomar decisões erradas, o que é inevitável quando pensamos em negócios construídos em ambientes de [extrema] incerteza, o erro é parte do aprendizado e pode [ou deve] ser usado para diminuir a chance de cometer novos.
2️⃣ desenhe e dê visibilidade à sua identidade... que é única
há alguns anos fiz um teste para descobrir meus pontos fortes, o interesse surgiu quando li o "descubra seus pontos fortes" do Don Clifton, no final do livro ele propõe um teste que já foi realizado por mais de 27 milhões de pessoas e, dentre 34 tipos de força, prioriza a sua lista.
o estudo por trás do teste diz que suas 5 primeiras forças são as que realmente te define, estive cético até ver os resultados e conhecer meu top 5: (1) comunicação, (2) realização, (3) estudioso, (4) ativação e (5) restauração. hoje uso o conhecimento dos meus pontos fortes para criar melhores relações profissionais e entregar melhor o que me proponho fazer, vale a pena o teste.
3️⃣ descubra e mantenha a sua disciplina... além das muitas fórmulas disponíveis
disciplina é resultado de um conjunto de atividades que, inicialmente, não fazem sentido algo e que depois de um tempo fazem a diferença nas rotinas. se disciplina é um processo, o primeiro passo é encontrar e manter seu ritmo.
gosto de pensar nesse processo com pequenas mudanças de rotina, o que fica claro em "hábitos atômicos" de James Clear, onde percebemos o impacto que pequenas mudanças hoje têm no médio e longo prazos.
a forma que encontrei para me manter no processo de melhoria contínua é aprender algo todos os dias, esse algo não precisa ser grandioso, precisa ser satisfatório e útil em algum contexto. aprender um pouco por dia é tipo o Daniel San descobrindo o porquê de pintar a cerca do Sr. Miyagi sempre com os mesmos movimentos.
estamos começando a semana com algo para pensar, nosso papel como líderes de negócios digitais, como orquestradores de uma estrutura complexa e como humanos limitados. se você chegou até aqui e ainda não tem essa newsletter para você, se convido para assinar e não deixar de receber as próximas edições 🤗
obrigado por ter lido!
