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o agro é pop…
o Brasil é um dos maiores produtores agro, mas além dos comerciais da globo, cada vez mais tecnologias estão explorando as [muitas] oportunidades do setor, mostrando que o desenvolvimento tecnológico pode se conectar com os mercados mais fortes e tradicionais.
PAPO DIRETO
como andam as tecnologias para o agro negócio?
o Brasil é um dos principais produtores agrícolas, para você ter noção, somos os maiores produtores de soja com 50% de toda a produção global, somos também o maior exportador de café (33% do volume global), de suco de laranja (75% do volume global), açúcar (36% do volume global e de frango (32% do volume global) segundo a CNA.
mas como está o cenário das startups focadas no agro negócio? para ter uma visão mais ampla, convidei um grande amigo para comentar um pouco mais sobre suas experiências no meio do desenvolvimento tecnológico do setor.
quem é Fábio?
Nascido no interior de São Paulo, é zootecnista pela UFPR e fundador da MS Consultoria, líder de Agtechs pelo AgriHub, além de ter um forte papel de apoio na comunidade de startups em Cuiabá-MT e como consultor especialista na nossa aceleradora, a Overdrives.
o que perguntei ao Fábio?
(1) como podemos entender as startups agrotechs?
Fábio: basicamente como empresas nascentes de base tecnológica que resolvem um problema real da agropecuária ou que melhoram um processo de produção agropecuária. É importante uma distinção aqui: agrotech’s, agritech’s, agtech’s ou outros nomes, não são a mesma coisa que uma foodtech, isso porque as foodtech’s olham para problemas e processos que estão antes ou depois da porteira, enquanto as agtech’s olham para dentro da porteira (agropecuária). Existem ainda as agfoodtech’s, isto é, aquelas que atendem a cadeia do agronegócio (antes, dentro e depois da porteira).
a cadeia de produção agropecuária não tem um "fim comum", a cadeia pode ser direcionada à exportação ou ao consumo interno, quando direcionado ao consumo interno (por exemplo) pode ser industrializado para diversos fins... em resumo essa é uma cadeia complexa que pode ser atendida por soluções voltadas ao "momento" do agro negócio, à indústria de transformação ou a manipulação alimentar.
essa complexidade se reflete nessa segmentação no mercado das startups como descrito por Fábio, o que não diminui o potencial de oportunidades para startups que tenham foco nesse "momento" do agro negócio.
(2) qual o seu papel e o que está sendo feito no MT e no centro-oeste como um todo para apoio a criação e o desenvolvimento de agrotechs?
Fábio:
Meu papel no Mato Grosso, Centro-oeste e Brasil divide-se em dois: o profissional e o voluntário. No aspecto profissional minha atuação origina-se no AgriHub (instituição vinculada ao Sistema Famato, um hub de inovação voltado ao agronegócio que entende as dores dos produtores rurais e depois busca quem pode resolver. O AgriHub foi o primeiro a estruturar esse modelo que posteriormente foi replicado para outras unidades da federação, existindo ações como essa em todas as regiões do Brasil e todas por meio da Confederação Brasileira de Agricultura e Pecuária (CNA). Voluntariamente, atuo como líder de comunidade local, regional e em algumas ações nacionais, me prevenindo de conflitos de interesse. Por exemplo, evito mexer com agro.
Sobre o que está sendo feito: vejo muitas ações voltadas para agtech’s mais maduras, isso porque, o perfil do cliente (produtor rural) é de “paciência curta” e de preferência por soluções mais maduras. São poucos aqueles que entendem o valor do desenvolvimento do produto e negócio. Assim, a maioria pensa em investir, acelerar e até mesmo realizar Provas de Conceito (PoC) com esse perfil de agtech’s, Tem outro fator aqui: muita gente estimula empreendedores a desenvolver novas agtech’s através e hackathons, maratonas SW e afins. Mais um ponto: o agronegócio é um grande setor econômico para o Brasil e isso chama a atenção dos empreendedores para essa oportunidade. Em resumo, tem uma galera fazendo muito no início da régua de desenvolvimento da agtech e muita gente olhando para o final. O interessante é que quando olhamos os dados do “2021 FARM TECH INVESTMENT REPORT” da AGFUNDER
nota-se que é um mercado aquecido, isso porque em 2020 foi aportado 7,9 bilhões de dólares nas agtech’s - a nível global. Nesse mesmo relatório, os analistas afirmaram que apesar do volume investido ser maior nas agtech’s maduras, houve maior crescimento de contratos em agtech’s consideradas early stage.
o papel da lideranças nas comunidades de startup, como vimos no papo sobre comunidades com Ana Uriarte, e agora descrito por Fábio é um papel que pensa nas conexões que possam facilitar o aprendizado necessário para o desenvolvendo a startup dentro de um ambiente cuja rede de relacionamento está ali disponível às conexões.
(3) vale a pena startups agrotechs serem lançadas longe das zonas rurais? se sim, quais os principais desafios?
Fábio:
Pensando em agropecuária, a gente sabe que ela está em todo lugar. É claro que em algumas regiões é mais forte que em outras, mas em todo lugar tem agro, em todo lugar há produtores rurais que precisam que seus problemas sejam resolvidos por meio da tecnologia ou que seus processos produtivos sejam melhorados. O pensamento mais válido aqui gira em torno de entender qual a cadeia produtiva da agropecuária é mais forte na região em questão, entender as dores desses produtores e pensar nas soluções.
Ainda nesse contexto de “longe das zonas rurais”, a gente precisa pensar que a população da cidade precisa comer, então tem surgido soluções farm-to-table, onde as plataformas ligam os produtores rurais - principalmente pequenos, agricultura familiar e produtores de hortaliças e frutas - aos consumidores finais. A Onisafra vai nesse sentido. É claro que já estamos falando de cadeia do agronegócio e não mais só da agropecuária, mas está valendo olhar para esse mercado. Outro ponto, existem as fazendas urbanas. Enfim, não é problema.
Sobre desafios, costumo citar o e-book que eu escrevi em conjunto com o Daniel Latarroca intitulado “Onde estão as grandes oportunidades do agro? - uma visão de dentro da porteira”. Ele tem um foco no agro de Mato Grosso, mas eu já percebi que muitos outros estados tiveram acesso a esse trabalho e me relataram que faz sentido para eles também. Spoiller: foi relatado por produtores rurais entrevistados pelo AgriHub que há mais de 110 respostas únicas de problemas no campo. Vale a pena ler.
Eu elencaria, por ordem de prioridade três: conectividade no campo; automação da coleta e compartilhamento de dados; e um que vem surgindo em decorrência do surgimento das tecnologias ditas 4.0 ou digital que é a descentralização das informações do produtor rural. Ex: um monitora o campo agrícola, outro os aspectos econômicos e financeiros, outro a agricultura de precisão, outro a previsão do tempo e assim vai. Essas informações, em muitos casos, não conversam umas com as outras e isso obriga o produtor rural a contratar mais de um serviço e depois ficar caçando aqui e ali a informação para ele tomar uma decisão.
fiz essa pergunta por um questionamento que me fizeram algum tempo atrás sobre como, em Recife, teríamos startups agrotechs se a cidade não tem uma área rural (por mais que algumas empresas agropecuárias tenham escritórios e tomadoras(es) de decisão em escritórios na cidade). na época dei uma resposta simples, considerando que o desenvolvimento tecnológico, diferente de outros tipos de empresa, tem potencial de execução "distante" de potenciais clientes.
(4) quais cases de agrotechs não podemos deixar de acompanhar?
Fábio:
bom, cada um vai dizer as suas, mas eu gosto muito dessas:
Solinftec = https://www.solinftec.com/en-us/
Grandeo = https://www.grandeo.com.br/
BovControl = https://platform.bovcontrol.com/
Irreluce = https://www.grupofienile.com.br/
Olho do Dono = https://olhododono.agr.br/
Sensix = https://sensix.ag/
FarmBox = https://farmbox.com.br/
Spatial.Ag = https://www.spatial.ag/
Farmers business Network = https://www.fbn.com/
Gavea = https://www.gavea.com/
Tem mais uma outras aí, mas acho que para começar tem essas. Se quiser, ainda tem o relatório do mapeamento de agtech’s do AgriHub, lá já tem mais de 300 agtech’s mapeadas.
conhece startups que atuam no mercado agropecuário ou pessoas que queriam empreender no setor agropecuário e não sabem por onde começar, vale a pena compartilhar esse papo que tive com Fábio, certeza que muitas dúvidas serão respondidas aqui 🤗
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