kamelo #133 | 🌳 o sonho e a sobrevivência de startups
um pouco do que conversei com empreendedoras(es) nesse último final de semana
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qual a próxima demissão em massa?
deixando a ironia de lado, acredito que você também esteja impressionada(o) com o tanto de startups (quase sempre unicórnios) demitindo pessoas em massa… as justificativas são quase sempre as mesas: "mudança de estratégia na empresa". não sei você, mas sempre me pergunto por que essas grandes startups não conseguem manter as pessoas?
DIRETO AO PONTO
uma jornada de sonho e sobrevivência
esse final de semana conversei com uma galera no Startup Day do SEBRAE, me chamaram para falar sobre growth, mas preferi trazer uma visão sobre crescimento que vai além dos "atalhos" que gerem vendas mais rápido.
na edição #132 eu comecei questionando nosso entendimento sobre o crescimento de startups, especialmente nessa corrida por uma rápida valorização da startup no mercado. porém o valuation geralmente não considera aspectos de sobrevivência financeira, dando ênfase ao potencial de impacto no mercado.
falando em valuation…
se a startup não tem um histórico de geração recorrente de receita, um volume te ativos (e passivos), clareza da rentabilidade e um potencial claro de lucratividade, difícil fazer um cálculo preciso do valuation em uma nova negociação de investimento.
sem isso, o valuation é um acordo entre empreendedoras(es) e investidoras(es), como resultado da relação entre o potencial de crescimento do negócio pós investimento e a disposição ao risco por quem está empreendendo.
todo investimento é transacional, ou seja, precisa facilitar rodadas futuras… gosto de dizer que as(os) empreendedoras(es) precisam manter 65% ou mais do equity o máximo de tempo possível.
voltando à visão de crescimento…
vamos pensar sobre as duas principais portas para o empreendedorismo no Brasil:
empreendedorismo por necessidade - aqui as pessoas vêem a criação de negócio como forma de manter sua sobrevivência, deixando de lado aspectos de inovação que não apontam para retorno retorno financeiro direto;
empreendedorismo por oportunidade - aqui as pessoas têm o empreendedorismo como meio de executar ideias, ou seja, sonhos de colocar um novos negócio no mercado, podendo focar em aspectos de inovação mesmo que isso seja arriscado.
onde as startups estão nessa relação de empreendedorismo por necessidade e por oportunidades? pensando rápido você pode dizer que pelo empreendedorismo por oportunidades, o que faz sentido quando pensamos nele como pré-disposto à inovação, mas até que ponto a inovação se sobrepõe aos aspectos de sobrevivência?
as startups abriram um novo espaço entre a necessidade e a oportunidade, mostrando que a jornada é um combinado o sonho em lançar e manter no mercado algo que possam mudar o contexto atual com alguma visão de sobrevivência que projete o negócio a um patamar de competição direta.
pensando nesse espaço aberto, as startups acabam sendo influenciadas por três tendências comuns de desenvolvimento e crescimento, são essas tendências que mostram quais as definições estratégicas adotadas pelo time e o impacto esperado ao longo da jornada.
a rota dos unicórnios
a primeira tendência coloca o sonho (ou a inovação) no foco da discussão de futuro do negócio, usando isso como argumento recorrente de um potencial de mudar um contexto e de influenciar o mercado, encobrindo eventuais deficiências de sobreviver às adversidades e mudanças de mercado.
quando o foco está no sonho a demanda de captação mais comum e tende a supervalorizar a empresa, mesmo que a estrutura tenha graves fragilidades… o resultado aparece em matérias como essa:
inovar nunca será um problema para as startups, o problema é usar a inovação para valorizar a startup sem demandar esforço para entender os aspectos de sobrevivência.
risco do acomodamento
o oposto da rota dos unicórnios está o risco do acomodamento, ou seja, as startups que abrem mão do seu potencial de crescimento através da inovação, por terem atingido uma certa garantia financeira que gera um sentimento de estabilidade e… consequentemente, conforto.
quando a sobrevivência parece superada por uma garantia financeira que "pagas as contas", algumas/alguns empreendedoras(es) anulam novas oportunidades de crescimento, até por medo de inovar e colocar a segurança financeira em risco.
perceba que o risco do acomodamento é tão ruim quanto a rota dos unicórnios, uma vez que deixam ou o sonho ou a sobrevivência de lado em prol de um foco unilateral que limita as possibilidades de sustentabilidade dos negócios, sem deixar a inovação de lado.
potencial de sustentabilidade
aqui é onde acredito estar a melhor estratégia para desenvolver uma startup no mercado. quando pensamos o crescimento do negócio como uma combinação do fator de inovação que te diferencie no mercado e uma visão de sustentabilidade que faça o negócio "parar de pe", podemos explorar o melhor da jornada empreendedora.
o reflexo mais recente de como essa busca por modelos sustentáveis está no e-mail que o time da Y Combinator mandou para seu portfólio de startups, sugerindo que elas se preparem para "dias ruins", ou seja, para uma diminuição do apetite de investimento sem deixar de projetar melhores resultados financeiros.
se você já assina a kamelo poderá ler aqui como interpreto o email da YC no contexto Brasil.
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