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o novo tamagotchi…
depois dos craques da copa, dos tazos e dos geloucos… a febre do momento é o
tamagotchi, digo o corporate venture capital. dezenas de corporações já criaram e lançaram suas áreas de investimento em startups e [aparentemente] quem não fizer isso ficará de fora da turma.
DIRETO AO PONTO
o que justifica o lançamento de tanto CVC?
segundo a associação brasileira de startups, alcançamos a marca de 22.000 startups ativas no Brasil nesse momento. são muitas oportunidades de conectar com produtos que vão mudar seus mercados de atuação… por que não ter uma estratégia que conecte os interesses corporativos com essas oportunidades?
nos últimos anos estamos vendo o surgimento de muitos corporate venture capital, o CVC, modelo que despertou meu interesse em entender as motivações objetivos e expectativas nesse modelo de venture capital atrelado à estruturas consolidadas no mercado.
afinal, o que é um corporate venture capital?
o CVC é uma estratégia que as corporações lançam ao mercado para destinar parte do seu budget de investimento em startups (geralmente pequenas) criadas fora do ambiente corporativo, usando isso como meio de se conectar com as inovações e as oportunidades por trás de cada negócio, com foco que vai além do core business corporativo… para isso seguem um modelo de execução similar ao já conhecido nos ventures capitalists.
por mais complexo que seja pensar num bom relacionamento investidor-investido entre grandes corporações e startups, o CVC é um dos modelos de investimento que mais cresceram globalmente em 2021 (com um crescimento no volume de investimento 142% maior que em 2020) e que deve seguir a mesma linha de crescimento nos próximos anos.
quais os grandes cases de CVC no mercado?
o CVC ganhou força primeiro dentro das grandes empresas de tecnologia que viam essa estratégia como a base para estabelecer a inovação aberta como gerador de oportunidades. desta forma identificavam, atraiam, investiam e acompanhavam a evolução de empresas menores com potenciam de se diferenciar no mercado e até fazer parte do portfólio de produtos e serviços oficial da corporação, um dos primeiros cases relevantes foi a compra do YouTube pela Google.
algumas das corporações com modelos CVC mais maduros no mercado:
google ventures - que tem empresas como Uber, Medium, Lime e BlueBottle no seu portfólio de investimento… sem aquisição.
ver as big techs criando modelos de CVC faz muito sentido, uma vez que podem incrementar seus portfólios, fortalecer ou abrir novos mercados e consolidar mais marcas entre as líderes de diversos setores, mas…
por que corporações de outros setores estão criando estruturas de CVC?
entendi essa motivação quando, em 2020, fiz parte da criação do CVC do Grupo Ser Educacional, onde sou um dos diretores executivos. o fato é que todo mercado (por mais tradicional que seja) está sendo fortemente impactado pelo contexto digital, criando novas oportunidades através de produtos e|ou serviços que apresentam novas experiências de consumo ao ecossistema corporativo.
para viabilizar um novo CVC, as corporações geralmente partem da consolidação de uma frente [estruturada ou não] de inovação, conectando algum executivo de tecnologia com um de finanças para, juntos definirem uma estratégia de conexão com o ecossistema de startups, com isso analisar e negociar investimentos com essas empresas.
aqui surgem os grandes erros por trás da execução de um CVC, vou te explicar com alguns prós & contras dessa forma de execução:
(1) prós
quando uma|um executiva(o) assume a liderança do CVC há nela(e) conhecimento e abertura necessária para explorar as diversas áreas corporativas, conectando as startups investidas e criando novas oportunidades de negócio;
o modelo de contratação corporativa pode ser longo e complexo, mas cria relações de longo prazo, o que pode ser facilitado quando a startup é investida pela corporação e o case usado para reposicionar essa startup no mercado.
(2) contras
quando as corporações direcionam executivas(os) de carreira para assumir essa interface com as startups, há uma herança da cultura corporativa que pode desenvolver uma relação com muitos atritos, uma vez que são ambientes conceitualmente opostos em aspectos de planejamento e execução;
a análise das startups que apresentam algum potencial de investimento pelas teses do CVC pode ser feita a partir dos mesmos processos direcionados à aquisição de outros tipos de empresa, o que vai criar diversas complicações na hora de definir termos e condições do investimento.
um caminho paralelo, com maior potencial de assertividade pode ser feito como o que criamos no Ser Educacional, onde eu vim do ecossistema de startup para assumir uma diretoria executiva com influencia direta nas estratégias de investimento nas startups sem me deixar levar pela cultura de investimentos da corporação.
voltando a olhar o que [comumente] está sendo feito no mercado…
quais as práticas comuns que vemos na relação das corporações com as startups… do primeiro contato ao pós investimento?
vamos entender um pouco que está por trás dos objetivos estratégicos na criação de um CVC, além do hype, e como isso tem impactado o mercado… e as startups!
primeiro, vale entender melhor o que está acontecendo nas corporações hoje, independente do mercado:
o cenário mostra uma concorrência cada vez mais próxima das estratégias de inovação e com processos cada vez mais digitais. ou seja, a concorrência deixou de ser só pelo preço, qualidade ou condições e se tornou uma concorrência baseada nas diversas experiências que o digital pode incorporar em toda jornada de serviço;
o consumo apresenta novas demandas atreladas as essas mesmas experiências digitais como fator de decisão na escolha pelo produto ou serviço. agora o mercado considera a relação da corporação com o digital como elemento chave na hora de decidir qual produto ou serviço usar;
a expansão dos produtos e|ou serviços para fortalecer a presença em determinado mercado, ou até para abrir novos mercado se tornou um tema de discussão contínua dentro do ambiente corporativo. o que trouxe as corporação até o presente não será mais o que as levarão para algum futuro possível;
a aposta em definir e manter uma relação de negócio com empresas menores (e mais baratas) podem ajudar a entender rápido quais novas oportunidades estão atreladas ao potencial de crescimento dessas empresas e, com isso, "chegar primeiro" na entrega de um determinado novo produto e|ou serviço.
com isso podemos falar um pouco mais sobre as práticas comuns que as corporações estão adotando e como isso reflete no surgimento de tantas estratégias de CVC:
há uma definição de áreas foco para os negócios que serão identificados no mercado e como essas áreas se conectam às estratégias projetadas para a corporação… ou seja, todo investimento precisa ter alguma conexão estratégica que justifique toda operação de investimento;
há criação de teses de investimento com condições claras que vão desde a definição do modelo de investimento até as condições de compra ou saída dessa corporação, além de definir qual o budget direcionado para o risco atrelado ao CVC;
é preciso criar uma rotina [interna] e uma equipe para viabilizar a seleção e negociação com as startups, mantendo a base de comportamento de um VC e garantindo que esse processo estará alinhado ao timing de investimento em startups.
onde o modelo CVC "se encaixa" no contexto de investimento corporativo?
corporações, em geral, tem diversos direcionamentos de investimento, desde células de P&D até os atuais modelos de CVC, mas como se dá o posicionamento desses investimentos nas corporações?
nesse contexto, o CVC aparece como a aposta "mais distante" do core business corporativo, ponte para expandir o campo de atuação, criando novas oportunidades de negócio que podem inclusive evoluir para o a compra (M&A), incrementando o portfólio de produtos e|ou serviços da corporação.
por esse posicionamento do CVC é importante criar um ambiente capaz de interagir com o ecossistema de startups, não pelo poder da corporação, mas pela capacidade de se comportar com um venture capitalist de mercado que consegue avaliar empresas pela oportunidade externa e não só pelo interesse interno.
isso se reflete aqui…
qual a evolução do CVC no Brasil?
a contagem de CVC começa em 2015, ano que surgiram 9 modelos no mercado. em 2021 fechamos o ano com 74 CVC abertos, um salto de 8 vezes em 6 anos. porem quando olhamos para o volume de investimentos realizados, em 2015 foram feitos 30, uma média de 3 investimentos por modelo de CVC aberto. já em 2021 foram realizados 62 investimento, uma média de 0,8 investimentos por modelo de CVC.
quando olhamos o contexto atual, 54% de todos os modelos CVC em operação fazem menos de um investimento por ano. essa baixa velocidade no volume de investimentos não é reflexo do budget destinado ao CVC. em 2015, os 9 modelos somaram R$101 milhões de budget, em 2021 essa valor saltou para R$552 milhões.
em paralelo quando olhamos o ecossistema de venture capitals que, em 2015, destinou R$218 milhões em 96 investimentos e, em 2021, saltou para R$2.7 bilhões em 202 investimentos. percebemos que o timing ainda é bem diferente, ou seja, que o comportamento de investimentos a partir das corporações ainda tem muito o que aprender com o ecossistema das startups.
essa newsletter tem crescido com sua ajuda, por isso se você gostou do assunto, compartilha entre seus contatos, grupos e redes. ele será útil tanto para startups quanto para quem está envolvido com CVC.
abrindo novas abas
🇧🇷 kamelo: já entrou no nosso discord?
🇧🇷 distrito: report 2021 do ecossistema de CVC no Brasil
🇺🇸 CFI: corporate venturing
🇺🇸 HBR: how venture capital works
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