kamelo #159 | o que precisamos saber sobre quiet quitting?
baseando em fatos que vivenciei...
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já pensou em “sair de fininho"?
cada vez mais nos vamos cercados de atividades "pra ontem”… a má interpretação do senso de urgência tem criado rotinas sobrecarregadas que não refletem bons resultados. durante muito tempo acreditei que, pela natureza do meu trabalho, poderia estar conectado o tempo todo e disponível às demandas do time… demorei para entender que volume de trabalho não reflete qualidade nos resultados.
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DIRETO AO PONTO
o que é quiet quitting?
como está o clima de trabalho na sua startup?
antes de entrar no tema, precisamos entender que quiet quitting não tem haver com se demitir (ou sair de fininho), na real tem ligação direta com o reflexo de uma cultura que tem consumido a energia das pessoas e comprometido a entrega de bons resultados… como explicou o startup da real nesse ótimo texto.
quando entrei no ecossistema de startups…
lembro de uma história sobre o início do facebook que mostrava um certo orgulho por trabalhar mais que as pessoas de outras empresas, o Mark Zuckerberg falava sobre trabalhar 50-60 horas por semana o que refletia também na cultura de trabalho das startups por aqui… eu, inclusive, defendi esse discurso como se isso fosse uma estratégia de sucesso… sabia de nada!
hoje, 79% dos profissionais nos EUA dizem ter passado por situações de estresse no trabalho… desses 3 em 5 afirmam que esse ambiente impacta nas suas atividades.
durante um bom tempo eu parei de procurar discussões sobre essa visão qualidade pelo volume de trabalho mesmo sabendo que quando a cultura de trabalho é construída sobre essa premissa os resultados não vêm como esperado, uma vez que time algum consegue ter alta performance em uma rotina sufocante…
quando comecei a ler sobre quiet quitting…
lembrei do que vi trabalhando em São Paulo
em 2015 fui investido por uma joint venture do Grupo Abril com a Plug and Play, processo que me fez passar 3 meses trabalhando de dentro do escritório da Abril, onde presenciei uma das cenas mais bizarras em um ambiente corporativo (algo que se continua existindo hoje)… 11pm de uma sexta, quando estava terminando uma jornada de testes no sistema da minha startup, percebi muita gente trabalhando freneticamente sob o argumento de “pegar bem" mostrar para o chefe que elas(es) trabalham muito!
se isso parece comum pra você, lembre que essa rotina não é saudável… não há demérito fechar o PC às 5pm para aproveitar seu tempo fora do trabalho (ou desconectado) é um exemplo de *quiet quitting.*
depois desse período em São Paulo, mudei para Sunnyvale…
na Plug and Play o comportamento de um empreendedor chamou minha atenção
no escritório da Plug and Play tinha um cara que, todos os dias, começa a trabalhar às 9am, almoçava em 15 ou 20 minutos, deitava com a cara para o sol por uns 30 minutos (isso eu achava estranho) e às 5pm já estava de saída pra casa.
um dia (nos 15 minutos de almoço) perguntei como ele montava sua rotina de trabalho e, com toda tranquilidade do mundo, me explicou que não adianta se matar de trabalhar sem descanso, o importante é saber o que é mais importante fazer cada dia naquele tempo que você está dedicando ao trabalho… fora desse tempo é preciso fazer outras coisas.
para completar, esse cara era co-fundador da sua startup e seu comportamento além de influenciar todo o time, não diminuiu em nada a qualidade das entregas e dos resultados alcançados… esse foi (pra mim) o melhor exemplo do quiet quitting antes de saber a existência do termo. nosso foco (enquanto estamos disponíveis ao trabalho) precisa ser direcionado ao que é essencial para o desenvolvimento do negócio, não no volume de coisas que conseguimos fazer.
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será que trabalhar um tempo limitado nos tira do timing do mercado digital?
quando pensamos no desenvolvimento de produtos digitais e a busca por uma presença competitiva no mercado, há uma diferença de entender e gerir a diferença entre quantidade vs. qualidade de trabalho.
trabalhar no mercado digital eliminou a barreira de acesso ao trabalho (e às suas atividades), ou seja, há uma tendência (quase natural) de nunca sairmos completamente do trabalho… e isso é disseminado nos times como algo positivo!
será que essa discussão sobre quiet quitting reflete um comportamento de não querer mais trabalhar ou de querer trabalhar da forma que é [silenciosamente] necessária e até esperada das suas funções?
bom, mas vamos lá…
quiet quitting é uma resposta à cultura frenética de trabalho que, no final do dia, não garante resultado além de impulsionar mais casos de burnout que tem afetado 1 em 3 profissionais no Brasil. por isso te proponho duas formas de pensar seu dia de trabalho e avaliar o que faz mais sentido pra você…
esse sentimento de esgotamento deriva de um comportamento que surge no time fundador e nas lideranças das startups por pregarem a máxima de produtividade pelo volume… talento bom é o talento que trabalha mais que seu chefe. por outro lado as pessoas estão entendendo que baixar o ritmo e definir limites claros de início e fim do trabalho não diminuirá o potencial de entrega de resultados, tão pouco a qualidade deles.
seguindo nessa linha…
o que [realmente] aprendemos com aquele cara da Plug and Play?
1️⃣ nosso trabalho diário precisa ter começo e fim (todos os dias)… e isso precisa ser mantido e respeitado;
2️⃣ seu planejamento de atividades deve ser construído para que as entregas gerem o máximo de impacto dentro de tempo que você dedica às suas atividades profissionais;
3️⃣ parar é parte do processo de produção, ou o esgotamento vai impactar tudo que você precisa fazer ao longo do dia;
4️⃣ todo mundo precisa entender quais são suas responsabilidades no time e garantir que elas serão entregues no tempo, mas há responsabilidades que não precisamos assumir.
podemos entender o comportamento defendido pelo quiet quitting pelo que é discutido sobre essencialismo (falei disso na edição do vale a pena ler de novo #003), onde o foco da priorização das nossas atividades está no que é necessáriofazer e não no que seria aceitável ou bem visto por outras pessoas.
preciso fechar essa edição, então…
qual o papel da liderança no esgotamento sentido?
se você quer reavaliar a cultura de trabalho do seu time, comece sendo um exemplo no meio das pessoas, mostre que seu trabalho pode ser bem feito dentro de um temo [claramente] limitado e que quando você está fora do trabalho, está usando seu tempo para fazer outras coisas. as pessoas precisam entender que o ambiente de trabalho não é uma competição de resistência, onde os que passam mais tempos ativos serão melhor vistos.
depois saiba que esse equilíbrio é a base da cultura, mantendo as pessoas alinhadas e engajadas com as prioridades (tenha prioridades), construa objetivos relevantes temporais coletivamente e dê liberdade para que as pessoas planejem seus resultados mensuráveis, suportando os objetivos… e, claro, respeite o limite das pessoas.
fazer o necessário não te fará pior que ninguém, o contrário disso, te fará produzir bem por mais tempo, sem deixar de aproveitar seu tempo fora do trabalho com qualidade, dessa forma seus esforços profissionais farão sentido.
obrigado por ter lido!
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