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já assistiu o documentário do spotify?
a história do spotify pode nos ensinar [muito] mais que pensar o time por squads… essa startup tem uma jornada tão interessante que virou minissérie na netflix, mas antes de falar sobre ela, recomendo o livro “spotify teardown” que mostra de forma mais profunda o que foi apresentado na série.
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DIRETO AO PONTO
🚨 contem spoilers
o que está por trás de cada clique que damos no play do spotify?
a minissérie da netflix sobre essa startup sueca trouxe uma das melhores estruturas de roteiro, cada episódio fala da história da empresa a partir do ponto de vista de um perfil chave no contexto:
a visão (do fundador)
a indústria
a lei
o programador
o sócio
a artista
vi cada episódio umas 3 vezes para entender como esses perfis se refletem no ambiente geral das startups… claro que precisamos separar conceitos lúdicos da série para focar no que tem sinergia com a realidade, por isso recomendo o livro "spotify teardown” que fala sobre tudo isso sem o filtro do entretenimento.
como criar uma startup com uma idéia única no mundo real?
a mensagem central da série é fazer você refletir sobre como negócios tipo o spotify surgem o colocam nosso entendimento de contexto em xeque, mas até que ponto um novo produto digital pode se deslocar da realidade?
um pouco de contexto…
o spotify surge em um contexto que a internet não tinha 10% da maturidade que tem hoje, onde o acesso a conteúdo era limitado, dando espaço para surgimento de produtos como napster e the pirate bay (conterrâneo do spotify). isso estremecia indústria como a cinematográfica e a fonográfica… em meio a esse novo entendimento do papel dos produtos digitais, surge uma plataforma que propunha gerar benefícios para todos os players da cadeia.
1️⃣ a visão - o que motiva e dá norte ao negócio?
fundar uma startup pode vir de motivações diversas, mas quase sempre surgem com um desafio comum na mesa: como entregar ao mercado algo que faça sentido, cresça rápido e pare de pé. por mais disruptiva que seja a proposta por trás do negócio, ter entendimento do mercado através da percepção de valor é ponto chave para trilhar uma jornada de sucesso.
o papel do fundador não é suficiente para construir um negócio viável (isso pode machucar o ego, mas sozinho não se vai muito longe), especialmente por saber que essa visão estará sempre atrelada às percepções pessoais sem considerar as aspectos técnicos necessários para suportar o desenvolvimento do negócio.
parte fundamental do papel de quem funda a startup é saber pensar o negócio como um time com capacidades diversas, permitindo que as pessoas sejam protagonistas no que lhes é depositado responsabilidade, orquestrando o negócio para alcançar objetivos estratégicos.
2️⃣ a indústria - quem baliza e desafia a existência do negócio?
a indústria (qualquer que seja) tem suas dinâmicas, com ou sem o surgimento de novos produtos digitais, por isso que a entrada de uma startup sempre terá atritos antes de estabelecer uma conexão efetiva. as startups surgem para reeducar contextos a partir do impacto dos produtos em situações que podem melhorar ou mudar radicalmente.
as startups sempre impactarão a indústria provocando a reflexão sobre novas dinâmicas, o que só acontecerá quando houver conhecimento profundo sobre os comportamentos de quem está inserida na indústria e tem capacidade de identificar pontos de melhoria e validar a proposta dos produtos.
por outro lado, é da indústria que surgem os limites de atuação dos novos produtos tornando essa relação uma busca contínua pela interseção entre o que pode ser feito de novo e o que precisa seguir um certo conjunto de regras. isso tem peso ainda maior quando a startup vem com proposta de mudar a forma que entendemos essa indústria.
3️⃣ a lei - o que vai manter o negócio de pé?
a advogada do spotify teve papel fundamental não só para ajustar as condições legais da empresa (que já foi um trabalho complexo quando do outro lado tem uma das indústria mais tradicionais do mundo!), mas para provocar os aspectos de sustentabilidade financeira que aumentariam as chances de crescimento dentro de um ambiente de grandes mudanças.
é comum que as startups apenas reajam aos problemas jurídicos (quando acontecem), a justificativa comum é que montar uma estrutura jurídica é cara… porém vale considerar a importância dos cuidados jurídicos que vão dos termos de uso (você sabe o que tem escrito no da sua startup?) às negociações de investimento (você entende os termos dos contratos?).
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4️⃣ o programador - quem garante a viabilidade do produto?
startup é uma empresa de produto digital, sem ter essa capacidade o processo será ainda mais difícil (hoje você pode começar validando seu produto construído com plataformas no-code), mas o cenário atual mostra que encontrar essa capacidade (quando não faz parte do time fundador) não é trivial.
o relacionamento entre a cabeça de negócio e a de produto pode não ser fácil, especialmente quando a cabeça de negócio não entende das complexidades de criação de produto para que esse seja efetivo nas mãos do mercado. portante entenda a necessidade de manter alinhamento nos objetivos sem tirar a liberdade no trabalho.
o movimento que vem crescendo e ganhando espaço no mercado para democratizar a construção de produtos iniciais utilizando ferramentas que não demandam conhecimento de desenvolvimento (no|low-code)tem diminuído o impacto de lançar uma startup sem ter um perfil desenvolvedor no time.
ter um bom dia (e lideranças) de produto será uma demanda em toda startup, por mais que isso possa ser levado para após validação do MVP, o time fundador não pode tirar esse tema como prioridade no desenvolvimento do negócio, especialmente quando há entrada de investimento.
5️⃣ o sócio - quem acredita e pode arriscar tudo pelo negócio?
na série o sócio é representado pelo primeiro investidor do spotify que, segundo é apresentado, reflete alguém que além do investimento, entrou de cabeça no negócio, sendo um contrapeso à visão do fundador. isso pode ser entendido também pela importância de ter mais vozes na liderança do negócio para identificar mais e melhores oportunidades.
esse papel fala muito de um perfil investidor que vê no risco uma oportunidade de participar de uma grande mudança de mercado… ou de perder tudo.
o sócio mostrou uma postura de quem sabe a importância de bancar o risco em prol de suportar a visão do fundador. ele soube se colocar na posição de quem poderia assumir as responsabilidades operacionais, provocando o potencial do fundador em entregar sua visão com resultados de mercado.
6️⃣ a artista - quem viabiliza a entrega de valor?
esse é o ponto chave não só no modelo do spotify, mas para tantas outras plataformas que precisam de pessoas que viabilizem o serviço no mercado… no caso do spotify, sem as artistas (e as gravadoras) não há música a ser entregue, pelo menos não com uma proposta de não pirataria.
entender que esse tipo de produto é co-responsável pela projeção dessas profissionais, mesmo sabendo que o contexto tentará extrair o máximo oferencendo (quase sempre) muito ponto em troca.
caso contrário, os movimentos como os que se mantém ativos até hoje contra o spotify e outras plataformas colocarão em xeque a sustentabilidade não só da startup, mas de todo o ecossistema do negócio. até hoje o spotify não é uma empresa financeiramente rentável e, muito dessa dificuldade está em equilibrar esses aspectos complexos.
o bacana da série está em entender como cada perfil tem uma percepção própria do negócio que está sendo criado e lançado ao mercado. desde uma visão super positiva do fundador até uma visão extremamente crítica da artista… isso vai acontecer com você, dai a importância de saber lidar com a diversidade dos perfis conectados ao negócio.
agora vamos à mais um confronto da nossa 1ª copa das startups!
partida 4: 🇲🇽 vs. 🇪🇸
🇲🇽 cargamos
plataforma de entrega e distribuição de produtos vendidos em e-commerce com foco na maior capilaridade de acesso das clientes.
momento do mercado: as entregas de última milha feita a partir de micro centros de distribuição tem dado maior fluidez logística em grandes centro urbanos, melhorando a experiência de compra em lojas online (demanda cada vez maior no mercado). a proposta de distribuição micro-locais dá abertura e força ao modelo de startup. 3 pontos
modelo de negócio: o modelo está baseado no armazenamento dos itens vendidos nas lojas online, itens que podem ser entregues ou retirados in loco, permitindo até que as clientes paguem pelos itens na retirada. isso cria uma extensão de estoque para as lojas, otimizando o tempo de entrega, mesmo gerando um alto custo operacional. 3 pontos
eficiência do produto: a empresa atua no processo fim a fim, o que cria um bom relacionamento com quem vende uma experiência otimizada com quem compra. para que o negócio seja viável é preciso construir e manter uma estrutura de armazenamento, gestão e distribuição… além de manter uma plataforma de controle para as lojas. 2 pontos
resultados conquistados: a empresa tem aumentado a presença no méxico, mas a velocidade de crescimento está associada a capacidade de criar uma estrutura mínima em novas localidades. um resultado importante da empresa é permitir a compra dos itens direto dos centros de distribuição como dark shoppings. 2 pontos
time fundador: no time fundador há experiências em outras empresas de delivery, o que traz um bom conhecimento sobre o mercado. 2 pontos
total = 12 pontos
🇪🇸 code op
plataforma de educação em tecnologia para mulheres e todas as pessoas LGBTQIA+
momento do mercado: há dois aspectos positivos nesse mercado, o primeiro é o aumento no interesse de novos profissionais pelo mercado de tecnologia (incluindo o interesse de transição de carreira), o segundo é o aumento de perfis diversos inseridos nesse ecossistema digital. a proposta da startup direciona o conhecimento necessário para entrar nesse mercado à mulheres e pessoas diversas. 3 pontos
modelo de negócio: os treinamentos tem processos híbridos que aumentam a experiência de aprendizado e construção de comunidade. os estudantes pagam pelas trilhas de formação e recebem além das aulas um suporte para otimizar o aprendizado, além de criar relacionamentos B2B com quem quer investir nessas formações. 2 pontos
eficiência do produto: os cursos são adaptados ao conhecimento inicial dos estudantes, entregando aprendizado efetivo para todas as pessoas, incluindo as que não tem nenhum aprendizado prévio nas áreas ensinadas, dessa forma as turmas são formadas perfis similares que podem aprender em conjunto. 3 pontos
resultados conquistados: a grande conquista, além de conseguir atrair cada vez mais talentos interessados em entrar no mercado digital, há a conquista de criar uma rede de empresas que apoiam o desenvolvimento profissional dessas pessoas. 3 pontos
time fundador: o time é diverso, com boa experiência tanto em tecnologia, quanto em educação. o que permite um bom relacionamento com a rede de estudantes e nas estratégias de expansão (inclusive para o Brasil). 3 pontos
total = 14 pontos
vitória da 🇪🇸: 14 + 1 = 15 pontos!
acompanhe a tabela de ponto 👉 aqui
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obrigado por ter lido
Luiz