kamelo #169 | lições da Ursula Burns
+ primeira eliminatória da copa das startups 🇸🇳 vs. 🇩🇪
👋. olá, Luiz aqui! você é bem-vinda(o) a mais uma edição da kamelo, newsletter de produção independente onde trato de assuntos relevantes para quem está criando ou desenvolvendo startups! se é sua primeira vez por aqui, te convido a assinar e receber as edições futuras no seu e-mail ou no app do substack 🤗
ah! meu podcast, o papo de kamelo, está disponível nas principais plataformas de áudio.
dificuldade de crescer
quando olhamos para o ambiente de startups, ainda percebemos uma homogeneidade dos perfis nos papéis de liderança dessas empresas. se aprofundarmos nossa visão isso se reflete nas oportunidades de captação e até na velocidade de entrada no mercado.
por maior que seja a dificuldade de lançar e desenvolver uma startup no mercado, alguns perfis profissionais têm um caminho mais longo para conquistar resultados e perceber a abertura de janelas de oportunidade nesse contexto.
eu senti isso quando sai de recife para empreender em outros estados e países… me sentia saído da periferia da periferia… infelizmente as jornadas não são as mesmas para todas(os).
DIRETO AO PONTO
você deveria conhecer a Ursula Burns
com um baita currículo, em 2009 (aos 52 anos) Ursula Burns foi a primeira mulher preta a liderar uma empresa da fortune 500, sendo CEO da Xerox até 2016, onde potencializou sua defesa de uma estrutura de capitalismo mais inclusivo.
sua história está muito bem relatada no livro “where are is not who you are: a memoir", ou onde você está não é quem você é: um livro de memórias. essa é uma leitura fundamental para entender mais sobre jornadas.
esse livro me lembrou de um episódio “você não é seu crachá” do podcast boa noite internet do Cris Dias. mostrando que nossa identidade é muito maior que nosso cargo ou a empresa que criamos e|ou trabalhamos.
o que aprendemos com a história da Ursula?
em minhas leituras recorrentes na UBR encontrei um texto do Adi Ignatius entitulado “I'm here because I'm as good as you”, ou eu estou aqui porque sou tão boa quanto você, onde ele apresentou uma entrevista com a Ursula, uma conversa que me despertou algumas lições úteis mesmo que você não tenha sido CEO de uma mega empresa.
1️⃣ qual o papel de uma liderança?
recentemente compartilhei uma kamelo refs sobre liderança, afinal esse é um dos temas de interesse entre as pessoas que querem empreender, estão empreendendo ou ocupam cargos que exigem essa habilidade… mas o que é esperado desse perfil nas empresas ou equipes de trabalho?
tecnicamente é um papel cujo trabalho é feito para aumentar a lucratividade e o valor da empresa no mercado, coordenando pessoas e processos para garantir os resultados projetados previamente.
mas é preciso encontrar um ponto de equilíbrio entre a lucratividade e o volume de receita gerado com o impacto positivo na sociedade, entre as colaboradoras e na rede de negócios conectados. não há crescimento sustentável com ações top-down, é preciso integrar e reconhecer os demais papéis que participam dessa jornada de desenvolvimento.
está gostando dessa edição? a kamelo está crescendo rápido pelo compartilhamento das(os) nossas(os) assinantes. que me ajudar a falar para mais pessoas? aproveita e compartilha nos seus grupos e redes sociais:
2️⃣ como pessoas diversas são vistas quando se destacam?
toda vez que falo sobre diversidade lembro dessa papo que bati com Jeff Simão na kamelo #134. são muitos aspectos que precisamos considerar e priorizar para construir ambientes [realmente] diversos, o que torna esse tema ainda mais importante.
pessoas diversas em posição de liderança são vistas [e analisadas] pelos seus pares como pessoas incríveis (ou fora da curva), como se para alcançar essa posição precisassem quase de habilidades especiais, esquecendo que elas têm a mesma capacidade… o que falta são as oportunidades.
o cenário atual é um reflexo de lugares construídos e ditados por homens brancos. em lugares minimamente diversos encontramos uma dinâmica de trabalho, de interações e de liderança diferente (muito diferente).
a diversidade só será normal quando colocada [honestamente] em prática, isso parte das lideranças que afirmam constantemente o impacto positivo da diversidade durante toda jornada de evolução e amadurecimento do negócio.
3️⃣ qual papel das mulheres líderes?
quando penso sobre a importância de ter mais mulheres em posição de liderança nas startups, lembro da conversa que tive com Taynah Carvalho, head de pessoas na Zro Bank, na kamelo #148. perfis diversos aumentam as chances de crescimento, não esqueça isso.
o ambiente corporativo é tradicionalmente construído por homens líderes, o que cria e estabelece uma cultura voltada a priorização desse perfil na continuidade das atividades de liderança, deixando de lado todo potencial que perfis diferentes poderiam impactar essa jornada.
segundo Ursula, há traços naturalmente femininos que as tornam líderes mais apropriadas para esse momento de profundas mudanças conceituais e culturais que estamos vivendo:
são naturalmente mais inclusivas;
estabelecem relações mais empáticas;
tomam decisões de forma mais racional;
lidam melhor com as dúvidas.
essas lições da Ursula são um bom ponto de partida para quem está em posição de liderança e tende a seguir padrõesfadados ao fracasso.
⚽ segue o jogo!
hoje é dia de eliminatória nessa fase final da 1ª copa das startups!
1ª semi-final: 🇸🇳 vs. 🇩🇪
🇸🇳 yobante express
fato importante: a África tem está apontando como o próximo continente das startups, até o final do Q3 mais de US$4,6 bi foram investidos nas startups de lá, mostrando que existe capacidade, diversidade e muita oportunidade de negócio por lá ✊
nesse cenário está a Yobante Express com uma solução focada em um mercado que tem crescido e se desenvolvido rapidamente, o last-mile delivery focado nas demandas do varejo físico que, cada vez mais precisam ganhar espaço de venda on-line.
análise geral:
o foco no last-mile delivery coloca a startup frente a uma das maiores demandas de mercado desde 2020, a capacidade de venda on-line do varejo físico. isso é consequência da queda de circularidade de pessoas em centros comerciais com objetivo de comprar itens básicos do cotidiano. por outro lado, a busca por esses mesmo itens não caiu, pelo contrário, aumentou através de plataformas digitais.
porém, expandir operações pensadas para o off-line não é trivial, são outros processos e prioridades que garantem o sucesso de vendas on-line, parte fundamental disso está na experiência de entrega apresentada ao mercado, aqui está a maior justificativa para a existência dessa startup, uma vez que essa operação logística está longe do core business dessas empresas, mesmo as pequenas.
por maior que seja o custo de operação para plataformas como a Yobante conseguem equilibrar sua velocidade de crescimento com o aumento das demandas do varejo, tanto no volume de vendas on-line quanto no aumento de empresas do varejo conectadas à plataforma.
plataformas como serviço precisam mirar nas integrações atrito zero, conseguindo entrar nas rotinas operacionais sem grande esforço do mercado. por isso a importância de ter um fluxo de cobrança atrelado ao volume de vendas on-line.
visão geral: ⭐ ⭐ ⭐ ⭐
🇩🇪 dance
fato importante: há alguns anos fomos bombardeados de notícias sobre cemitérios de bicicletas utilizadas nos aplicativos como a yellow. um duro reflexo de um modelo que surgiu com muita força (e muito investimento), apresentando uma proposta que se conectava com diversas discussões, inclusive ambientais, mas que tinham um custo operacional insustentável.
quando vi a Dance pela primeira vez, essa foi a primeira lembrança que tive. será que esse modelo é viável ou será mais uma tentativa de emplacar um produto tipo yellow na Europa?
análise geral:
desde o surgimento dos primeiros modelos populares de software como serviço (SaaS), passamos a refletir sobre a real necessidade de ter um item para usá-lo sob demanda. modelos como Netflix entraram no mercado oferencendo uma troca de valores muito simples: você me paga e eu te entrego um super catálogo de conteúdos em vídeo, mas quando o item oferecido é algo físico?
nos EUA a Apple lançou há alguns anos um modelo de hardware como serviço, onde você pode pagar uma assinatura para ter sempre a última versão do seu iPhone favorito. diferente dos serviços de software, esse pode ser muito bom para clientes, mas cria um lastro de lixo eletrônico, dai vemos as muitas ações da empresa em criar produtos com elementos reciclados.
no caso da dance, percebemos que ela está na interceção desses dois modelos base, entregam bicicletas (ou motos elétricas) como serviço, mas sem uma demanda regular (e quase obrigatória) de troca. portanto quando alguém contrata a empresa terá consigo algo que pode ficar o tempo que for necessário, diminuindo drasticamente o volume de descarte e [claro] os custos dessa operação.
por mais que a velocidade de crescimento esteja atrelada a processos industriais e a todo guarda-chuva de serviços co-relatos (como manutenção e seguro) necessários para abrir a presença em um nova cidade, a dance consegue se posicionar de forma sustentável e integrada a importantes discussões ambientais em grandes centros urbanos.
visão geral: ⭐⭐⭐⭐⭐
tenho dedicado uma média de 10 horas por semana entre pesquisas, criação e customização de conteúdos para a kamelo. se você quiser apoiar esse meu projeto, pode fazer isso me pagando um cafezinho 🤗
"... o cenário atual é um reflexo de lugares construídos e ditados por homens brancos." - Qual o problema disso? Abrir e fazer uma empresa ter sucesso não é brincadeirinha de crianças ou adolescentes.
Sobre o papel das mulheres:
- são naturalmente mais inclusivas; (não é verdade)
- estabelecem relações mais empáticas; (não é verdade)
- tomam decisões de forma mais racional; (não é verdade ao quadrado)
- lidam melhor com as dúvidas. (não é verdade ao cubo)