kamelo news #009 | o que aconteceu com o Silicon Valley Bank?
uma edição para falar um pouco de tudo que li sobre a queda do Silicon Valley Bank, o que podemos esperar disso e quais impactos aqui no Brasil.
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o fim do banco das startups
criado há 40 anos, o Silicon Valley Bank (SVB) se tornou um elemento chave no maior ecossistema de startups do mundo pelo seu papel fornecendo melhores serviços para empresas que, geralmente, não tem abertura nos serviços de bancos tradicionais.
DIRETO AO PONTO
um resumo do que aconteceu com o SVB
hoje essa edição da kamelo news será dedicada a queda do SVB e como isso pode impactar o ecossistema brasileiro de startups, por isso levantei conteúdo em diversas fontes para que você também tenha uma visão geral dessa queda emblemática de uma peça chave do Vale do Silício.
na terça (14/03) o podcast café da manhã trouxe um excelente resumo do que aconteceu, um ótimo ponto de partida sobre esse assunto:
como que, em poucos dias, o SVB virou pó? essa é a pergunta que tem ocupado parte dos pensamentos do mercado de investimentos, especialmente os conectados ao ambiente de startups… um ambiente que já vem sendo colocado em xeque por estratégias sem sustentação e que agora pode sofrer uma forte turbulência.
🇺🇸 the verge - esse artigo da Elizabeth Lopatto trouxe uma das versões mais completas das causas e consequências por trás da queda do SVB.
fundador em 1983 depois de um jogo de poker, o SVB se consolidou no mercado atendendo as demandas específicas das empresas que dependiam de inovação para existirem, o que se tornou um dos mercados mais atrativos para investimentos, mesmo com todo risco atrelado às suas estruturas.
oferecendo crédito e acesso a diversos serviços bancários à jovens com ideias revolucionárias e um corpo de investidores por trás, o SVB cometeu um erro primário no mercado financeiro: a baixa diversificação dos seus ativos… ter startups quase como perfil único de clientes tornou a instituição absolutamente dependente dos movimento desse mercado.
na hora que seus ativos começaram a valer menos, precisaram recorrer à venda rápida de ações para minimizar os impactos financeiros do primeiro trimestre de 2023… isso gerou um movimento de saques em massa pelas startups (apoiadas, inclusive, por grandes fundos de investimento), ação que quebraria qualquer banco.
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🇧🇷 tech drop - nessa edição
abordou os maiores impactos da queda do SVB.
entre os maiores impactos está o fato dos bancos americanos não terem seguro sobre o saque garantido para mais de US$250 mil, ou seja, se você tiver US$ 1milhão depositado em qualquer banco americano, só US$250 mil estão assegurados, caso você precise fazer um saque de emergência.
isso significa que os bancos podem não ter dinheiro para pagar uma demanda de saques em massa, e foi exatamente isso que aconteceu com o SVB, muitas startups pediram retirada dos seus fundos aplicados, o banco não tinha de onde tirar tanto dinheiro ao mesmo tempo, a projeção de dívida foi pra lua, os acionistas começaram a vender suas ações, o valor da ação caiu rápido demais e o órgão de regulação financeira dos EUA, o FDIC, teve que assumir as operações do SVB.
o problema dessa cadeia de fatos é que boa parte das startups não terão como pagar sua folha salarial já em março… ou seja, além de potenciais novas demissões em massa, poderemos ver startups já consolidadas no mercado quebrando “da noite para o dia”.
esse é o cenário para 30% do portfólio da YCombinator, segundo Garry Tan, CEO da aceleradora:
🇧🇷 bloomberg linea - qual o tamanho desse problema por aqui, sabendo que 90% das startups brasileiras com sede nos EUA (offshore) têm conta no SVB?
seguindo os conselhos dos VC norte- americanos, os VC brasileiros recomendaram que as startups com dinheiro depositado no SVB tirem o quanto antes, o que caiu no mesmo problema do limite de saque. porém o que dificulta ainda mais a movimentação financeira das startups nacionais é que os bancos tradicionais não conseguem fazer movimentação financeira quando as startups são uma empresas LLC constituída em algum paraíso fiscal como as Ilhas Cayman ou Delaware por não terem um Social Security Number (identificação dada ao povo norte-americano).
não há nenhum tipo de ilegalidade nessa forma de abrir empresa nos EUA, o problema é que o SVB é (ou era) um dos poucos bancos que trabalham com esse tipo de estrutura empresarial ótima para quem estrangeiros com negócios de tecnologia… eu tive uma LLC em Delaware quando fui acelerado na Plug and Play, mas tinha conta no Well's Fargo.
tenho dedicado uma média de 10 horas por semana entre pesquisas, criação e customização de conteúdos para a kamelo. se você quiser apoiar esse meu projeto, pode fazer isso me pagando um cafezinho 🤗
🇧🇷
- por fim deixo uma das primeiras análises que saíram por aqui sobre a queda do SVB, feita pelo .
parte dos motivos da quebra do SVB veio da debandada de correntistas que, por medo do tamanho do prejuízo que o banco previu para o primeiro trimestre de 2023, gerou uma onda de saques justificadas pelo momento de instabilidade no cenário de VC. esse movimento é conhecido como a tragédia dos comuns de Aristoteles, bem lembrado pelo Abreu:
desse movimento em onda a credibilidade do SVB foi colocada em xeque… será que o banco do Vale do Silício é capaz de se manter de pé frente às oscilações econômicas nos EUA, será que as estratégias de aplicação e projeções de ganham se justificam nesse novo cenário de desconfiança por trás dos modelos de negócio das startups?
dentre as muitas dúvidas, nenhum banco se manteria de pé, o SVB virou alvo, foi tomado como exemplo e vai gerar diversas mudanças não só nas estruturas bancárias norte-americanas, mas em todo tipo de serviço e relacionamento financeiro para startups. um momento que vai aumentar a turbulência já vivida, mas que poderá amadurecer ainda mais o perfil empreendedor.
seguirei acompanhando.