kamelo news #015 | especial black mirror
a 6ª temporada de black mirror começou com uma das histórias mais intrigantes para quem faz parte do mercado digital, por mais distante que pareça da realidade, há aspectos bem presentes.
já estamos vivendo um black mirror?
imagina ligar a Netflix e se ver na capa de uma nova série, sem saber nada, você percebe que tudo que tem feito ao longo dos dias está sendo usado como base de roteiro para algo que será visto por todo mundo… mas você não está sendo filmada(o), na verdade há um IA que recria sua rotina tornado o processo de criação e publicação quase imediato.
se isso parece distante da realidade, saiba que o primeiro episódio da 6ª temporada de black mirror foi inspirado no que aconteceu recentemente com Elizabeth Holmes, fundadora da Theranos que, sem saber, teve diversos momentos da sua vida usados para a série the dropout sobre ela mesma no Star+… imagine como ela se sentiu ao se ver como protagonista de sua própria história, mas de um jeito diferente.
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UM EPISÓDIO… MUITAS REFLEXÕES
resolvi fazer uma edição da kamelo news especial sobre Joan is Awful, o 1º episódio da 6ª temporada de black mirror, mesmo não sendo apaixonado pela série, esse episódio me trouxe reflexões que estão diretamente ligadas ao nosso contexto de criação de produtos digitais.
você se preocupa com termos e condições?
esse texto de 20215 aborda a problemática dos termos e condições de uso de serviços digitais, que muitas vezes são longos, difíceis de entender e pouco transparentes em relação à coleta e uso de dados pessoais. é destacado que muitos usuários acabam clicando em "concordo" sem sequer ler esses termos, o que pode levar a diversas situações problemáticas, como a perda de privacidade ou a entrega de informações pessoais sem o consentimento explícito.
além disso, a falta de transparência dos termos e condições não é uma questão nova, mas que se tornou ainda mais relevante na era digital, com a proliferação de dispositivos conectados. nesse contexto, os termos e condições se tornaram uma barreira para o uso de tecnologias que deveriam ser intuitivas e fáceis de usar.
nesse episódio, a Joan simplesmente aceitou os termos e condições da plataforma de streaming, entre as centenas de páginas haviam cláusulas que davam poder para a empresa usar (e manipular) dados sobre suas rotinas para criação de conteúdo… muitas das formas de captação dessas informações já fazem parte das nossas rotinas… quem nunca abriu uma rede social e viu divulgações de coisas que acabamos de falar?
onde podem usar a imagem do seu rosto?
recentemente foi lançado o documentário "My Blonde GF" da diretora Rosie Morris, uma obra que retrata o impacto do deepfake pornô na vida das vítimas. através da história de Helen Mort, escritora que teve seu rosto inserido em imagens pornográficas sem consentimento, o documentário traz à tona o trauma que essa prática pode causar. o documentário acompanhou a trajetória da vítima, mostrando como a violação pode afetar todos os aspectos da vida dela.
as tecnologias de deepfake estão cada vez mais aprimoradas, de modo que a recriação de imagens e videos podem ser manipuladas com objetivos diversos. esse é mais um dos efeitos que podem ser gerados da inserção de dados pessoais (incluindo imagens) em plataformas que não garantem a proteção de dados.
por outro lado, se você está criando soluções que precisa coletar dados pessoais e sensíveis, entenda que isso traz um conjunto de responsabilidades sobre proteção de dados que não precisa ser tratado como prioridade.
no episódio de black mirror uma atriz contratada pela plataforma de streaming assinou um contrato onde poderia ter sua imagem associada a criação de conteúdos com uso de deepfake, mas não deu atenção até onde esse uso poderia chegar, a ponto de colocar sua reputação em risco.
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análise sobre o episódio, por PH Santos
a análise do PH me chamou atenção comparação com o que é descrito no livro a sociedade do espetáculo de Guy Debord onde nossas vidas são como um teatro, a partir dai vivemos em prol de um termo descrito no livro como a afirmação da aparência. na série temos dois momentos da personagem, antes e depois de tomar consciência da exposição que sua vida ganhou pela plataforma.
o ponto chave é que não era sua vida idêntica, que provavelmente não teria grande atrativo, a edição dada pela empresa para criar essa imagem negativa da personagem é justificada pela forma que isso torna a história mais interessante.
aqui temos duas análises que giram em torno da mesma plataforma, por um lado não há interesse em ser transparente com as pessoas que estão sendo mapeadas pelas IA. por outro lado o uso dessa IA é feito para manipular a realidade em prol do maior interesse de consumo, mesmo que isso crie um sentimento de negação da vida pela pessoa que está debaixo desses holofotes.
a crítica que atinge a verdade do espetáculo o descobre como uma negação visível da vida; como negação da vida que se tornou visível - a sociedade do espetáculo de Guy Debord.
a partir do momento que a personagem se vê exposta, nada mais na sua vida é natural, ela perde o controle do protagonismo da sua vida, por mais que essa seja a proposta por trás do conteúdo criado. esse impacto pode ter sido potencializado e dramatizado no episódio, mas não podemos deixar de lado que constantemente estamos influenciando e sendo influenciado por mecânicas digitais que nos tiram consciência sobre nossa identidade.
abrindo novas abas
vale a pena resgatar uma outra forma de entender essa história com o show de Truman;
se você não leu ainda, vale dedicar um tempo para conhecer a inspiração para os reality shows que consumimos hoje, 1984;
minha leitura atual é a máquina do caos;
também recomendo um dos melhores livros que li em 2020, os engenheiros do caos.
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