kamelo só para assinantes #009 | investimento racional
o que diferencia as estratégias de investimento entre quem busca por tendências de quem busca startups com crescimento financeiramente sustentável?
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investimento além das tendências
na última edição comentei sobre aspectos de motivação para os VC criarem seus portfólios de startup. olhando para o potencial de saída priorizam o que é tendência, mesmo que os modelos sejam financeiramente insustentáveis… hoje vamos pensar de outra forma.
DIRETO AO PONTO
capital eficiente vs. capital ineficiente
🥾 quando falamos sobre estratégias de investimento deixamos de lado um comportamento fundamental para entender o ambiente das startups: o que motiva uma empreendedora a seguir uma jornada bootstrapping?
bootstrapping é uma estratégia de empreendimento sem demandar investimentos externos, utilizando recursos próprios para custear o necessário na busca pelo que prova a necessidade e viabilidade do produto no mercado.
com a popularização das estratégias anti-unicórnios percebemos um movimento favorável de criação de startups que não dependam de captações recorrentes para se provar no mercado e, cada vez há mais cases de empresas que se consolidaram por uma jornada bootstrapping.
adotar uma estratégia bootstrapping vai demandar:
1️⃣ um time fundador com perfis diversos e alinhamento sobre os objetivos a serem alcançados, considerando que o volume de atividades está atrelado às validações e o entendimento sobre o retorno previsto;
2️⃣ maior controle sobre todas as etapas do processo de desenvolvimento do negócio, identificando meios de entregar valor ao mercado a partir das estruturas mínimas de custo, mesmo que esse seja um processo mais lento que o esperado;
3️⃣ não ter captação externa implica ter um comportamento mais ágil, não só na construção e entrega, mas na capacidade de adaptação frente aos desafios descobertos para lançar e posicionar o produto no mercado;
4️⃣ busca por um crescimento sustentável desde as primeiras versões do produto apresentada ao mercado. se as clientes não enxergam valor a ponto de pagarem pelo produto, algo precisa ser revisto, umas vez que não há abundância de recursos para sustentar os custos sem projeção de receita.
startups que adotam o bootstrapping são ótimas fontes de aprendizado sobre como priorizar a geração de receita em paralelo a comprovação de valor percebido pelo mercado. esse equilíbrio pode não trazer números surpreendentes de crescimento, mas projetam um futuro sólido no mercado.
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🧮 quem busca investimentos racionais está em busca do que é racional.
historicamente percebemos que há dois perfis comuns de VC no mercado de investimento em startups:
1️⃣ os blitzscale VC - que focam em startups com alto potencial de crescimento, fazendo parte das tendências e chamando atenção de boa parte dos fundos voltados ao risco;
2️⃣ os rational VC - que focam em startups que estão na interceção entre crescimento e rentabilidade, considerando que esse equilíbrio cria uma visão de longo prazo.
esse movimento de racionalidade nos investimentos de risco criou o termo anti-valley na busca e aproximação de startups, deixando de lado comportamentos dos blitzscale VC que precisam de tendências para projetar melhores saídas por negócios que podem gerar retorno numa entrega mais efetiva.
um bom exemplo de rational VC é o Five Elms Capital focado em startups B2B que já levantou mais de US$1.3 bilhões para investir em negócios que podem não estar estampando as principais matérias, mas estão construindo uma trajetória mais pés no chão. inclusive, o anti-valley approach é um dos pilares:
perceba que investidores que partem de estratégias racionais não estão deixando de lado os aspectos de crescimento, afinal toda startup é feita para crescer mais rápido que qualquer negócio não digital, o que mudar nessa relação é a eficiência entre capital e resultados de mercado.
recomendo a leitura de arriscando a própria pele, ela pode te fazer pensar mais sobre nossos comportamentos por trás dessas assimetrias entre dedicação ao que está sendo feito e a responsabilidade adotada ao longo do processo.
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o capital investido será ineficiente se:
1️⃣ as startups montam suas estratégias com dependência de captação regular para se provar no mercado, criando uma estrutura frágil tanto para o time fundador quanto para quem participou das rodadas de investimento;
2️⃣ startups que apostam seu sucesso no crescimento baseado em volume de uso, estabelecendo uma presença forte sem nenhuma consistência na receita gerada frente ao custo necessário para gerar grandes números;
3️⃣ time fundador que não sabe cuidar dos recursos financeiros, queimando caixa a todo custo para dar passos mais rápidos, criando um legado difícil de se sustentar no médio e longo prazos.
quando falamos de startups racionais, estamos falando de uma mudança de prioridade nos aspectos de sucesso do negócio. ter uma boa presença de mercado é importante, chama atenção, mas deixou de fazer sentido alcançar milhões de pessoas sem nenhuma projeção real de retorno financeiro.
📊 como os rational VC param de pé em um mercado de investimento acostumado a corrida sem fim pelas próximas tendências que podem gerar múltiplos incríveis?
análise qualitativa de investimento, considerando aspectos mais sólidos tanto da startup, quanto do mercado que estão inseridos. no início poucas startups tem clareza sobre estratégias de rentabilidade, mas o processo precisa ter isso como objetivo;
investimento em fases iniciais focados numa menor diluição do time fundador, permitindo que possam usar o valor captado para ter resultados efetivos. mesmo que isso aumente a distância entre captações;
propor um vatuation menor que o praticado pelos blitzscale VC, considerando uma visão de longo prazo para o negócio. negócios supervalorizados desde as primeiras rodadas podem dificultar as negociações de captação futura;
maior resiliência para controlar melhor as estruturas de custo, frente o potencial de crescimento (e rentabilidade) das startups. é preciso desenvolver essa capacidade de gestão financeira sem perder a agilidade do produto digital;
criar melhores oportunidades de saída a partir de negociações mais sólidas, uma vez que a startup tem resultado histórico mais efetivo. o importante não é a velocidade que os resultados são gerados, mas o quanto eles sustentam o crescimento.
o movimento dos blitzscale VC tem mostrado que as startups não estão se preparando para uma jornada de longo prazo. com estruturas infladas, estão sempre recorrendo a capital externo com a justificativa que o próximo passo será o ponto da virada para o negócio se consolidar no mercado… uma boa referência para seguir refletindo sobre isso é essa publicaçãono open VC.