Priorização: como startups decidem o que fazer (e o que ignorar)?
Como aplicar estratégias de priorização em startups, do caos inicial ao crescimento com foco e consistência.
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“Essa atividade é para ontem” “
Todo o backlog é prioridade 1!”
Prioridade… estamos acostumadas(os) a lidar com o que precisa ser feito primeiro não como uma atividade, mas como um conjunto (quase sem fim) de coisas que se misturam criando uma confusão cada dia maior.
A jornada de uma startup é, por natureza, complexa. Incertezas, decisões rápidas, múltiplas apostas e poucos recursos tornam o ato de decidir o que merece atenção primeiro é uma das competências mais críticas para quem está construindo algo novo.
Saber priorizar é saber sobreviver. Mas também é saber crescer!
Hoje eu apresento uma análise prática sobre como as startups podem usar melhor os conceitos de prioridade — com foco na aplicação dessas estratégias antes e depois do lançamento de um produto no mercado.
Antes do produto: O valor de priorizar no meio as validações e descobertas
No início da jornada, tudo parece urgente. Ideias, validações, reuniões, ajustes, análises, pitchs… O excesso de tarefas sem clareza sobre o impacto pode gerar uma falsa sensação de evolução. É nesse ponto que a Matriz de Covey pode se tornar uma ferramenta valiosa.
A divisão em quadrantes sobre as premissas de urgente-e-importante nos ajuda a separar o que realmente vai demandar nossa energia do que é apenas barulho. As startups precisam aprender a direcionar o negócio com foco nas atividades do quadrante 2 — nele estão as atividades importantes, mas não urgentes. São dessas atividades que conseguiremos construir as bases do negócio: entrevistas com usuários, testes de hipóteses, e aprendizados reais.
Outro método simples, mas igualmente eficaz para quem está numa jornada empreendedora solo, é o de Ivy Lee. Sempre ao final do dia, liste as 6 tarefas mais importantes para o dia seguinte, ordene por relevância e comece o dia seguinte com foco total na primeira. Só passe para a próxima quando finalizar a anterior. Para muitos, isso será contraintuitivo — a simplicidade do método e a disciplina no uso reduz ansiedade e aumenta a taxa de entrega com qualidade.
Ainda nesse estágio, a técnica dos MITs (most important tasks) que ajudará a alinhar o time em torno de uma única prioridade semanal (gosto de pensar nos MITs como os objetivos de sprint). Ter um não limita o trabalho, é uma decisão de estratégia. Startups que adotam essa prática constroem uma cultura de discernimento sobre relevância desde o começo.
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Depois do lançamento: A complexidade real fará parte da sua rotina
Com um produto no mercado, a startup deixa de viver no campos das hipóteses e passa a lidar com métricas reais, bugs, pedidos de usuários e pressões externas. A necessidade de priorizar se torna ainda mais relevante e o impacto de uma decisão errada pode colocar tudo à perder.
Métodos como o ABCDE, de Brian Tracy, ajudam a organizar o caos. Classifique suas tarefas de A (críticas) a E (dispensáveis), e execute primeiro as tarefas do tipo A. Parece simples, mas ter clareza sobre como categorizar cada item evita que você gaste energia com tarefas que não movem o ponteiro do negócio.
Outro ponto crítico aqui é o gerenciamento da energia do time. Tarefas de alta complexidade devem ser alocadas nos horários com menores interrupções (não adianta ter uma ação crítica em dias de muitas reuniões). Isso exige uma reflexão realista sobre a rotina de cada pessoa e o estímulo de uso de práticas como Pomodoro. A performance está diretamente ligada ao respeito pelo ritmo do time.
Por fim, há as decisões que moldam o futuro. Tem uma técnica de Warren Buffett que me chamou atenção: liste 25 metas, escolha as 5 mais importantes — e ignore as outras 20 a todo custo. Parece algo radical, mas é necessário saber excluir o que não será executado quando o objetivo é alcançar crescimento escalável.
A cultura de prioridades
Priorizar bem não é só sobre ser mais ou menos produtiva(o) — é sobre criar uma cultura de trabalho onde o tempo é bem utilizado. Uma equipe que sabe diferenciar o essencial do supérfluo terá maior agilidade, criatividade e entendimento sobre a realidade (do negócio e do mercado).
Essa mentalidade pode (e deve) ser cultivada com rituais periódicos de alinhamento, retrospectivas produtivas e treinamentos simples sobre as ferramentas que apresentei aqui (principalmente a Matriz de Covey e o método Ivy Lee). Qualquer ferramenta só é útil quando aplicada de forma coerente com o contexto de cada negócio.
Saber o que dizer “não” é tão importante quanto decidir o que fazer. A startup que aprende a priorizar bem constrói um time que executa melhor, protege sua cultura e cria espaço real para inovação. A prioridade, no fim, é uma escolha estratégica — e a forma como você lida com ela define o ritmo, a direção e a força da sua jornada.
Obrigado por ter lido essa edição da Kamelo. Cada edição é uma oportunidade para refletir sobre nossas decisões ao longo da jornada. Nos vemos por aqui no sábado, dia 05/04, com uma edição bem interessante!
Fique bem,