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sobre startups #106 | 🎓 investimentos em educação
e como eu criaria uma edtech hoje
🍎 mais uma aula virtual
"é muito difícil inovar na educação"... escuto isso com frequência, mas o que torna isso difícil é o mercado em si ou a insistência de tantas edtechs em emplacar mais uma sala de aula virtual?
DIRETO AO PONTO
🚸 como anda o mercado das edtechs?
estamos vendo a terceira onda de crescimento entre as startups de educação, as edtechs, um dos mercados mais buscados entre as startups nacionais e o que vemos mais soluções similares.
o que aprendemos com a criação e desenvolvimento de negócios digitais nesse setor?
olhando para esse gráfico da HolonIQ, percebemos os três momentos de captação financeira vividos pelas edtechs (essa pesquisa não considera os número do Brasil, mas aponta para questões que precisamos considerar por aqui):
1️⃣ a partir de 2010, quando vimos o surgimento das primeiras plataformas MOOC (massive open online course) e até 2014, período que até as melhores universidades transferiram suas disciplinas para plataformas digitais sem muita preocupação sobre as adaptações de ensino pensado para o presencial e agora compartilhados no digital... lembro que cheguei a ter uns 200 cursos das universidades americanas armazenados no iTunes U.
2️⃣ a partir de 2015 passamos a discutir mais as adaptações do ensino feito no presencial para o consumo digital, países como EUA e China tem o ano de 2015 como o primeiro grande salto de investimentos na área. a partir desse ano as startups começaram a apresentar produtos que usavam dados para personalizar o aprendizado, melhorando os resultados no final do ciclo... mesmo período que vimos diversos produtos educacionais mobile first, como o caso do Duilingo.
3️⃣ de 2020 pra cá o cenário de investimentos em startups educacionais foi um dos que mais cresceram (perdendo para investimentos em saúde digital e controle climático), além de diversos fatores externos limitantes conhecidos, os processos educacionais vêm sendo colocados em xeque, agora o ensino adaptativo e o uso de inteligência artificial estão tecnicamente maduros, capazes de serem aplicados em nichos... além disso há mais (e melhores) soluções para estruturas educacionais e profissionais de educação que diminuem a dependência do aprendizado presencial para entregar experiências digitais.
o que está acontecendo hoje no meio das startups de educação?
até o final de 2021 tínhamos 39 edtechs unicórnios, seis delas abriram capital. atualmente, entre as 5 maiores edtechs globais, 3 são chinesas... são elas: ByJu's, indiana de 2017 que vale US$21bi, Yuanfundao, chinesa de 2017 que vale US%15,5bi, Zuoyebang, chinesa de 2018 que vale US$10bi, BetterUp, norte-americana de 2021 que já vale US$4,7bi e a VIPKid, chinesa de 2016 que vale US$4,5bi.
em 2021 vimos surgir a primeira edtech nacional entre a lista de unicórnios, a mineira Hotmart que captou US$130mi, além dela há diversas empresas que deveríamos acompanhar de perto, acredito que algumas passarão dos US$1bi em valor de mercado.
dos mais de US$300mi investidos em 2021, o Brasil se destaca no cenário de investimento em edtechs na América Latina, abocanhando 39% de todo valor investido, seguidos pelo México com 16% e a Argentina com 13%... o que chama atenção são as áreas de atuação que mais captaram investimento em 2021:
1️⃣ com 25% do volume captado estão as startups focadas em workforce, ou seja, produtos voltados ao up-skilling... se o termo é estranho, pense no modelo da Gama Academy que pega profissionais que buscam desenvolver novas habilidades para criar outras rotas profissionais.
2️⃣ com 23% do volume captado estão as startups que entregam sistemas de gestão educacional ao mercado, esses sistemas são os marketplaces da educação, como o caso da Hotmart ou da Alura... o que aponta para um cenário de descentralização na produção educacional.
quais tecnologias estarão mais presentes nas edtechs?
com ou sem metaverso, muitas propostas educacionais terão a extensão ou a imersão de realidades como artefato de aprendizagem, por isso precisamos ficar de olho em:
1️⃣ produtos com AR e VR como elementos de diferenciação no aprendizado, o que cria uma dependência na velocidade de criação e entrada de mais artefatos [acessíveis] no mercado;
2️⃣ seguiremos com personalização e adaptabilidade do aprendizado em soluções que tem jornadas de aprendizado, mostrando que ainda há espaço para a aplicação tecnológica como facilitador do aprendizado;
3️⃣ cada vez mais teremos robôs de processo (RPA) coordenando o aprendizado em massa especialmente em ambientes profissionais para desenvolvimento de habilidades e capacidades desejáveis pelas empresas;
4️⃣ quase o highlander das estratégias, ainda seremos impactadas(os) com produtos que apresentam algum tipo de gamificação para potencializar algum resultado esperado, o mais comum é o uso para aumentar o engajamento das pessoas;
5️⃣ a proposta de masterclass ainda tem muito espaço no mercado, trazendo especialistas para ensinar temas pontuais das suas habilidades fora da curva, como vimos o caso do jogador da NBA, Stephen Curry, ensinando como marcar mais cestas de 3 pontos;
6️⃣ depois dos escritório, o ensino híbrido terá muita presença no mercado, especialmente como estratégia ligada às instituições que ensino que entendem a nova utilidade dos seus espaços físicos, compondo uma experiência que extravasa às paredes das salas.
quais estratégias e modelos eu apostaria para lançar uma edtech?
longe da corrida pelo status de unicórnio, há muito o que pensar sobre startups educacionais, diferente do mercado financeiro, o educacional ainda está preso à regulações que evoluíram pouco nos últimos 100 anos.
acredito em soluções educacionais que desafiam os jornadas formais de aprendizado, especialmente quando entendemos que as tecnologias são um suporte a maior capacidade de aprendizado, por isso teria como foco:
1️⃣ soluções aplicadas a nichos em constante desenvolvimento, como os papéis de liderança de projetos inovadores e startups;
2️⃣ investiria em modelos de assinatura agregado a estratégias que projetassem um maior tempo de permanência nas plataformas;
3️⃣ entregaria conteúdo que combinassem: demanda de pesquisa, velocidade de aplicação, bons conjuntos de técnicas e profissionais com experiência prática;
4️⃣ traria uma extensão das interações, misturando o gravado com o ao vivo e o coletivo com o individualizado, dando uma maior cobertura na jornada de ensino.
não há caminhos que garantam o sucesso em nenhum mercado, mas entendo que o momento das edtechs é seguir desafiando as regulações e garantindo modelos com boa rentabilidade, uma vez que o volume de investimentos ainda tem muito para crescer.
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