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sobre startups #63 | 🛑 não venda mentiras
uma (auto)reflexão para essa sexta
💡 já se viu sem ideias?
Não parece que sofremos mais que o necessário quando dá aquele branco no processo criativo? Eu sempre tive dificuldades em lidar com a falta de ideias, buscar um "EURECA" todos os dias, impossível. Por isso encaro a "pane" criativa como um respiro para nosso cérebro.
💃 empreender não é como um musical...
Em comemoração ao aniversário do Ryan Gosling, o Sebastian em La La Land, me veio o pensamento sobre o que um musical entrega as pessoas?
Sempre achei os musicais incríveis, especialmente por não se prender aos limites lógicas do contexto que estão inseridos e de como usam a música e a dança para representar emoções e sentimentos que compõe a história.
La La Land foi, de longe, o musical que mais gostei, não pela história em sim, mas como ela é contada e como a intervenções musicais encaixam muito bem na comunicação da história, nas relações entre as pessoas e nas mudanças de rota... mas essa newsletter não foi criada para críticas e opiniões de cinema 😂
Olhando para as alegorias dos musicais para contar uma história, pensa sobre: até que ponto criar adereços ao redor da mensagem central potencializa o resultado gerado?
Pergunto isso para entender melhor como as startups são apresentadas ao mercado e como pintamos um contexto cheio de adereços que podem tirar o foco na história real, daquilo que realmente importante para clientes, mas vamos falar um pouco mais sobre isso.
💻 algumas recomendações de musicais para o final de semana
um dos músicos que mais admiro em um dos musicais mais incríveis que ja vi, Rocketman conta a história de Elton John;
um musical que se encaixou muito bem na história da revolução francesa, Os Miseráveis precisa ser visto;
Aladin é, de longe, o melhor filme live action que vi;
e, claro, não posso deixar de colocar La La Land nessa lista 🤩
🙊 sobre as mentiras empreendedoras
Essa imagem é o reflexo de algo [bem] comum no ecossistema de startups, trata-se de uma divergência [complexa] entre o que as startups dizem fazer vs. o que elas realmente fazem. Se olharmos rapidamente para essa conexão, podemos encarar tudo como uma grande mentira, mas até que ponto essa mentira tem sentido e significado?
➡️ como surgem boas ideias?
O livro "roube como um artista" traz uma provocação sobre ter ideias roubando de outras ideias, disso o Austin Kleon compara o que vai definir um bom ladrão de um mau ladrão e como ser bom ladrão é uma boa estratégia para lançar algo no mercado.
1️⃣ o mau ladrão:
degrada
burla
rouba de um
plagia
imita
engana
2️⃣ o bom ladrão:
honra
estuda
rouba de vários
credita
transforma
mistura
Dessa forma entendemos que o surgimento de boas ideias é, quase sempre, derivado de uma combinação de outras ideias (ou fragmentos de ideias). Ter inspirações para essa "colagem" de coisas distintas para formar uma nova não diminui a qualidade do que foi criado, o contrario disso, aumenta as chances da manipulação ter sentido.
➡️ de onde surgem as mentiras?
Toda startup inicial tem uma estrutura frágil, desde uma fraca arquitetura do software até uma baixa performance do produto, por isso que a operação das startups nessa etapa de evolução demanda muitas atividades manuais, como as antigas centrais telefônicas que precisavam conectar duas linhas manualmente para completar uma chamada.
Ter uma estrutura frágil reflete um momento não escalável, mas não tira do jogo uma boa qualidade de serviço prestado e, da mesma forma que entendemos o bom e o mau ladrão de ideias, há a boa e a má mentira.
1️⃣ a má mentira:
ilude
manipula
esconde
distorce
2️⃣ a boa mentira:
suporta
esclarece
mostra
ajusta
Se você está criando uma startup que terá uma inteligência artificial para suportar uma tomada de decisão estratégica no mercado, sabemos que no início não há inteligência alguma. É provável que você utilize planilhas para armazenar os dados e testar vários fluxos de interação que entregam os resultados esperados pelas(os) clientes.
A boa mentira é sobre mostrar ao mercado que você está por perto para entregar o melhor resultado esperado, mesmo que por trás você esteja rodando diversos testes manuais até ter um resultado aceitável. Nesse caso entendemos que essa mentira está associada à baixa capacidade de operação tecnológica sem perder qualidade no serviço e no acompanhamento.
Mentir faz parte, desde que a mentira não distorça sua capacidade de entrega, criando falsas expectativas no mercado e consequentemente quebrando a experiência de uso. Por isso eu defendo os pontos compartilhados pelo Paul Graham sobre executar atividades não escaláveis para identificar qual a rota de escala da sua startup.
recrute as(os) primeiras(os) clientes manualmente - tenha crescimento inicial qualitativo;
não esconda suas fragilidades - mostre ao público inicial que você está em formação;
foque na experiência das(os) primeiras(os) clientes - dê o melhor suporte na execução do serviço;
contenha o potencial do negócio - crescer exponencialmente é resultado de um bom trabalho inicial com poucas(os) clientes;
coloque-se lado à lado com o mercado - mostre-se presente durante toda a jornada das(os) primeiras(os) clientes;
execute atividades manuais - as atividades manuais validam o que vale ou não ser desenvolvido e otimizado na jornada do serviços;
tenha o crescimento como vetor - as atividades não escaláveis precisam direcionar para o caminho do crescimento acelerado.
💻 mais conexões sobre o início da jornada
gosto desses 9 passos para lançar uma startup;
e desse guia com 35 outros passos para suportar o lançamento.
🕵️♀️ case de startup
vamos analisar a FixIt?
Agora toda sexta eu analisarei uma startup, se você quiser que avalie a sua, responde o formulário que deixei no final desse bloco 🤗
imagina substituir completamente o uso do gesso da imobilização articular? imagina agora usar uma órtese moldada exclusivamente às dimensões do seu corpo impressa em 3D? imagina você poder tomar banho e até ir pra praia sem se preocupar em molhar ou danificar essa órtese? se você imaginou tudo isso, imaginou a FixIt!
↘️ modelo de negócio
Você sabia que a produção e uso de gesso hospitalar gera grande impacto ambiental? Pois é, por se tratar de um material orgânico sempre há problema de gesse "vencido" e, quando utilizado em tempo não pode ser reciclado, ao invés disso precisa ser incinerado... agora imagina o quanto de gesso é jogado no meio ambiente por ano?
Olhando para a problemática desse contexto surgiu, em 2015, a startup potiguar, FixIt.
A partir do conhecimento técnico de médicos e fisioterapeutas, a FixIt desenvolveu modelos termo moldáveis para imobilização articular que são impressos em 3D a partir de filamentos plásticos biodegradáveis.
O filamento é composto por bagaços de cana, beterraba e outros dejetos orgânicos que, juntos dão a estrutura e a resistência necessária para estabilizar o membro imobilizado. No final do ciclo de imobilização o filamento pode ser derretido e reconstruído para novo uso ou pode ser descartado na natureza, em poucas semanas ele será complemente deteriorado sem impacto ambiental.
Assim, com um modelo de licenciamento, a FixIt fornece os moldes digitais para impressão in loco em clínicas e hospitais. Isso aumenta muito a capilaridade de acesso às(aos) médicas(os), terapeutas e pacientes.
Então, se você precisar de qualquer imobilização articular, pergunte se a clínica ou hospital tem órteses FixIt... se não tiverem, prepare a coceira com gesso 😬
↘️ time fundador
Os fundadores são fisioterapeutas de formação, o que facilitou muito o entendimento das condições técnicas na imobilização, desde a resistência necessária até o conforto durante o uso, eles são Felipe Neves (CEO), Hebert Costa(CPO) e Cleber Mahlmann (Diretor Nordeste).
↘️ resultados relevantes
A FixIt surgiu de um Startup Weekend Natal, onde fui o facilitador 🤩, tem parceria parceria fechada com o hospital Albert Einstein (SP), foi investida e acelerada pela ACE (SP) e pela Overdrives (PE).
Além de atender todos os estados brasileiros, a FixIt já está estabelecida no Paraguai, Uruguai e Argentina, agora estão expandindo para outros países da América do Sul, América Central, África e Europa.
↘️ minha análise
Eu adoro startups que se propõem mudar uma economia na sua essência, por mais difícil que isso seja no Brasil, mas me surpreende quando vejo uma tecnologia capaz de eliminar um processo estabelecido com problemas amplamente conhecidos.
Vejo na FixIt algo que raro de encontrar nas startups nacionais, a capacidade de se tornar um novo padrão global. Não só pela eliminação do uso de gesso hospitalar, mas por fazer isso através da impressão 3D, mudando toda estratégia logística que conhecemos.
A entrada em hospitais abriu novas oportunidades de negócio, especialmente na impressão de moldes do tamanho exato das(os) pacientes para simulação cirúrgica, diminuindo os riscos de falha médica... já pensou como isso pode impactar na qualidade do trabalho médico?
Queria ver mais negócios como a FixIt surgindo no Brasil, mais startups que desafios processos tradicionais e, por serem gigantes, parece que tem seus problemas "aceitos" pelo mercado.
↘️ acompanhe a FixIt nas redes
🌎 algumas referências complementares
sobre o descarte de gesso;
healthtech desenvolve solução inovadora para democratizar tratamento de lesões;
quer que avalie sua startup? responde algumas perguntas nesse formulário :)
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➡️ ah! não deixa de ler nossas últimas edições:
sobre startups #62 | sobre como gera valor;
edição #61 | sobre resultados de experimentos;
edição #60 | sobre inovação;
referências para o final de semana
ótimo report sobre Visual Collaboration;
episódio 14 do "cais", podcast do Porto Digital, conversando sobre transformação digital com Sílvio Meira;
criei uma playlist para momentos de descanso aos domingos 🤩
🤗 agradecimento
Obrigado por ter lido mais uma edição da nossa newsletter Sobre Startups... e, se você achar válido, compartilha essa edição com quem não pode deixar de ler sobre o que falamos hoje 🤩
💻 Ah! Aqui você acha mais informações sobre mim 🤗