sobre startups #78 | 🔒 o que as comunidades não estão fazendo
hoje um pouco mais tarde, mas estou aqui :)
👓 você observa sua jornada?
O que você tem aprendido vivendo sua jornada empreendedora? Uma vez me disseram que até nos grandes erros que cometemos, há um volume de aprendizado que será só nosso. Não sabemos se nossos negócios darão certo, mas podemos decidir sobre o que vamos aprender.
⏰ como você gere o tempo... que não tem?
SOBRE ESSENCIALISMO
Já reparou nos momentos que se o dia tivesse 40 horas não conseguiríamos fazer tudo que planejamos? Esse sentimento de falta de tempo é cada vez mais comum, refletindo uma prática que não tem nenhum benefício às nossas rotinas, a de preencher cada espaço da nossa agenda com alguma atividade... mas para onde está indo o tempo que aparentemente não temos?
Onde você tem gasto seu tempo?
Em situações como essa costumamos ter duas falas frequentes, a primeira é que "tudo é prioridade", dando máxima importância às atividades e o famoso "tudo é pra ontem" que cria um ar de eterna emergência... mas será que entendemos o significado e a combinação entre importância e urgência?
Entenda que seu tempo é o melhor que você tem, por isso saiba como usá-lo. Eu era uma dessas pessoas sempre ocupadas, sempre com algo para fazer, sempre sem tempo até que entendi o significado dessas três coisas:
só conseguimos ter uma prioridade por vez, mesmo que essa prioridade seja uma atividade rápida que precisa ser feita antes de todas as demais;
precisamos aprender e usar sem moderação do não em tudo que, de fato, não precisamos fazer... se puder não fazer, não faça;
nossa agenda precisa ter espaço para o nada, e aqui eu não estou falando do "ócio criativo" que tende a nos pressionar para sair com algo... criativo. aqui é ter tempo para não fazer nada mesmo.
Esses são três dos conceitos base do essencialismo que, se bem aplicados, nos ajudam a planejar, executar e aprender melhor na nossa rotina... e aqui eu não quero entregar nenhuma fórmula mágica para uma rotina essencialista, quero que você leia e reflita como estão seus dias hoje.
Mas, antes de seguir, não posso deixar de compartilhar quatro referências que me ajudaram demais nessa visão que o Henrique Fogaça (jurado do Masterchef Brasil) fala como "menos é mais":
o primeiro livro é o "essencialismo" que compila muito bem essa percepção do fazer menos para fazer melhor;
o segundo é o "hábitos atômicos" que consegue ser uma verdadeira escola em forma de livro e que traz uma reflexão importante sobre mudança de hábitos;
o terceiro toca em um comportamento que desenvolvemos influenciados pelas redes sociais, onde gastamos muito tempo e energia no "scrolling" de tela, o livro é o "minimalismo digital";
e o quarto fala de algo que tem sido falado por todo lado, mas eu preferi ler o termo pelo pesquisador que o definiu pela primeira vez, o "hiper foco".
Voltando aos três aspectos impactados pelo essencialismo, podemos adotar alguns hábitos ou práticas que podem ajudar essa descoberta de tempo:
no planejamento - há muitas ferramentas e técnicas para planejar nossas rotinas, posso até recomendar o app que uso, o TickTick, mas a qualidade do nosso planejamento estará atrelada as nossas prioridades e à visão sobre o que não precisamos fazer. cada atividade que não precisa entrar no planejamento, mais tempo teremos para fazer o que importa;
na execução - há um termo chamado overscheduling, que é o super preenchimento das nossas agendas, sem deixar "brechas" e [teoricamente] ser mais produtiva(o). o problema é perder toda oportunidade de refletir sobre o que está sendo feito, por isso a importância de inserir pausas na rotina, de usar e abusar do não sempre que possível e de fazer melhor o que tem real importância;
no aprendizado - mais que criar uma rotina de produtividade, você precisa ter tempo para refletir sobre o que está sendo feito, por isso comece definindo uma rotina que funciona para você, não precisa tomar um "padrão" como verdade, revise suas atividades para identificar os aprendizados sobre erros e|ou acertos e meça o impacto das suas atividades.
Por isso, vou deixar uma estratégia que adotei para construir minha rotina com tempo para fazer o que é importante ao longo do dia e, principalmente para que eu tenha pausas para o tempo vazio na minha agenda... você pode tomar isso como uma base para desenvolver uma rotina que funciona no seu dia:
1 emergência não planejada por dia - sempre deixo uma folga para resolver questões emergenciais não planejadas. por exemplo, na organização do Overdrives Summit um convidado não pôde participar de última hora, eu tive que parar tudo para buscar uma outra pessoa (por sinal, você já se inscreveu para o summit que começou ontem?);
2 atividades importantes por dia - minhas atividades importantes geralmente são aquelas que tomam boa parte do meu dia, onde preciso fazer ações menores que juntas vão entregar resultado nessa atividade maior. por exemplo, nos domingos, terças e quintas uma das minhas atividades importantes é escrever a news que sairá no dia seguinte;
3 leituras fora das redes sociais por dia - as redes sociais se tornaram aquela abertura da geladeira para olhar e não pegar nada, uma distração que toma parte importante do nosso dia. por isso eu (1) tirei todos os apps de redes sociais da tela de início do meu celular (até whatsapp!) e (2) três vezes ao dia, ao invés de abrir um desses apps que abro e leio um texto, pode ser blog, newsletter, um capítulo de livro... vale tudo que possa colocar no lugar da rede social;
4 pausas para fazer nada todos os dias - mas fazer nada é nada mesmo, não leio nada, não assisto nada, não ouço nada específico, só paro um tempo, me sento ou me deito por 10 minutos para apenas pensar no dia, ou em algo que vi passar pela janela... aqui o importante é ter esse tempo para se desconectar completamente e deixar que o tempo ajude a recarregar nossas baterias.
O tempo é um bem que não podemos deixar escorrer pelos dedos, gosto de pensar nele como uma mochila que, diferente de uma mala que comporta 32kg de coisas, tem espaço limitado e por isso precisamos pensar bem o que vamos colocar dentro sem deixar de lado o cuidado com o peso que estamos colocando sobre nossas costas... pense nisso 🤗
Se você me acompanha por aqui, percebeu que essa regra do 1, 2, 3, 4 é a mesma base do meu planejamento anual, mas se você chegou aqui agora e ainda não é assinante dessa news, te convido para assinar e não deixar de ser notificada(o) sobre as próximas edições que envio toda segunda, quarta e sexta 🤩
🏘️ qual o [real] papel das comunidades?
VOCÊ ESTÁ CONECTADA(O) À SUA COMUNIDADE?
Desde 2011 que estou inserido na comunidade de startups em Recife, de lá pra cá tive a oportunidade de me conectar e de até passar um tempo em outras comunidades no Brasil e fora, experiência que sempre me fez refletir sobre o papel e a influência desses ambientes para a criação e o desenvolvimento de startups.
Para começar vamos entender a diferença de comunidade para ecossistema:
comunidade é o conjunto de startups de uma mesma localidade que estão conectadas em rede para troca de experiências e geração de oportunidades de negócio em uma relação de longo prazo baseada na confiança profissional;
ecossistema é o quando "ao redor da comunidade" há um conjunto de players que promovem suporte à criação e ao desenvolvimento da startups locais através da formação de talentos, de investimento, de amadurecimento empreendedor e de conexões com os mercados de interesse.
Durante muito tempo fui um dos líderes da comunidade de Recife (a manguezal), período que estava empreendendo minha última startup, porém hoje, como diretor da Overdrives (aceleradora) me mantenho na posição de suporte e às startups, deixando a liderança para quem está empreendendo.
Nesses 10 anos nas comunidades e, principalmente nos últimos dois, quando o digital se tornou a única forma de se manter próxima(o) ao que acontece localmente, percebi algumas coisas que podemos fortalecer nos ecossistemas, pensando essas estruturas como plataformas para lançar e evoluir startups.
promover encontros de quem quer empreender e não tem uma grande rede de relacionamento para identificar potenciais co-fundadoras(es) - hoje programas como o Startup Weekend acabam sendo os principais motores para criação de startups, porém os ecossistemas precisam pensar em outras oportunidades de criação que aumentem o estímulo as pessoas se testarem empreendendo pela primeira vez;
aumentar o apoio para quem está no início da jornada e não sabe o que fazer primeiro - toda comunidade tem ao menos uma startup em operação no mercado, a experiência acumulada nessa jornada pode ser compartilhada com quem está dando os primeiros passos. a troca de experiências é a grande fonte de aprendizado para quem está lançando uma startup;
facilitar o acesso às oportunidades para captar o primeiro investimento - sabemos que há um gap entre o lançamento de uma startup no mercado e a captação do primeiro investimento que suporte os primeiros testes de produto e do modelo de negócio, por outro lado a estrutura dos ecossistemas tem visão sobre quais startups tem potencial para captar seu primeiro investimento, dai a importância de criar e manter relacionamento com aceleradoras e investidoras(es) anjo [locais ou não] para diminuir a distância do acesso;
criar um ambiente baseado na abertura, confiança e profissionalismo para diminuir as barreiras de acesso entre as pessoas - um ecossistema precisa ser aberto às pessoas que tenham interesse no ambiente das startups, seja para empreender, trabalhar em alguma, investir e criar oportunidades em geral. relação que será saudável quando tiver seus "anticorpos" repelindo quem se aproxima apenas para ter benefício próprio.
🏘️ se você faz parte de alguma comunidade de startups, vai gostar dessas referências:
um dos livros mais falados nas comunidades, e que realmente vale a leitura, é o "startup communities" do Brad Feld;
o "the startup community way", também do Brad, vai além das definições de uma comunidade para tratar do seu desenvolvimento;
com uma visão mais voltada ao poder da rede, o "people powered" do Jono Bacon 🥓 trata de questões importantes no desenvolvimento dessas relações;
se você faz parte de uma comunidade que acaba se perdendo na comunicação em mil e um grupos no whatsapp, recomendo usar o app Nexto para manter todo mundo conectado e as informações organizadas.
Se você gostou do que leu até aqui e sabe que outras pessoas também vão gostar, compartilha essa edição nas tuas redes, dessa forma conseguiremos falar sobre startups para mais pessoas 😍
👍 eai, curtiu a edição de hoje?
Gostou da edição de hoje? Topa continuar essa conversa por aqui? Seria muito legal ver um comentário seu para que possamos aprofundar mais nesse tema 🤗
⬇️ e... caso ainda não tenha visto, essas foram as últimas edições da news:
Edição #77 | a escassez de desenvolvedoras(es)
Edição #76 | a importância dos programas de aceleração
🚕 o analógico pode matar o digital
POR QUE TANTO UBER CANCELANDO VIAGEM?
Se você anda de Uber deve ter percebido o quão difícil é ter um chamado aceito pelos motoristas... o alto volume de cancelamento no Uber e 99 já fez o PROCON do Rio notificar as empresas, isso nos faz refletir sobre um dos aspectos mais importantes por trás de todo negócio digital: o entendimento e alinhamento com os comportamentos de mercado.
O alto volume de cancelamentos que vem acontecendo tem uma "justificativa" recorrente de não valer a pena aceitar corridas muito curtas ou muito longas para locais que não há um bom volume de chamadas, especialmente com as altas no preço dos combustíveis... mesmo com alguns reajustes no percentual transferido aos motoristas, o volume de cancelamento vem quebrado a relação dos passageiros com o serviço.
Empreendimentos como o Uber e 99 que dependem de uma prestação de serviço intermediária para viabilizar a entrega de valor ao mercado têm uma responsabilidade em "duas camadas", ou seja, há necessidade de ter cuidado para entender o cenário e o comportamento tanto dos prestadores de serviço quanto dos usuários finais.
Isso cria uma relação que nunca está balanceada, hora precisamos dar atenção aos prestadores de serviço, hora nos usuários, lembrando que quando os prestadores não estão satisfeitos com o modelo de negócio há um reflexo direto nos usuários. Então, o que podemos aprender com o momento dessas plataformas?
Não é só o benefício financeiro que vai manter uma boa relação com o mercado, mais que proporcionar uma fonte de renda adicional, as startups precisam criar um ambiente que entregue um sentimento de pertencimento real;
As dinâmicas de mercado são influenciadas por agentes externos que vão demandar adaptação na sua modelagem de negócio e até na sua proposta de valor, por isso a importância de desenvolver a capacidade de adaptação;
Se o foco são os clientes finais, a experiência deles não pode ter muitas falhas. serviços mal executados podem eliminar aspectos de fidelização e colocar em risco o grau de viralização do seu produto.
Me conta, se você estivesse na cadeira de decisão do Uber ou 99, o que você faria para minimizar os riscos dessa quebra de experiência pelo alto volume de corridas canceladas?
🤗 agradecimento
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