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Vesting na prática
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Vesting na prática

Alinhando, execução e consolidação do vesting como estratégia nas startups

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Luiz Gomes
mai 24, 2025
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Vesting na prática
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A palavra "vesting" talvez ainda soe técnica ou distante da realidade de muitas startups brasileiras, mas sua relevância cresce de forma proporcional à maturidade e ao profissionalismo que essas empresas precisam adotar desde seus estágios iniciais. O vesting é, antes de tudo, uma ferramenta de alinhamento entre expectativas, comprometimento, entrega e participação acionária. Para entender vesting, é necessário pensar além da distribuição de participação societária.

Este livro tem como objetivo desmistificar o vesting, transformando-o de um conceito complexo em um guia prático para fundadores, líderes e todos aqueles que buscam construir empresas de forma justa e sustentável. Você aprenderá os fundamentos, modelos de aplicação, aspectos jurídicos e fiscais, além de boas práticas de governança e casos reais que ilustram o sucesso (e os desafios) da implementação do vesting.

Prepare-se para questionar o modelo atual de participação societária que você aplica. Ele realmente reflete quem está entregando valor à sua startup? Ou apenas perpetua uma divisão inicial feita com base em otimismo e informalidade? A resposta a essas perguntas será a base de uma jornada de profissionalização.

Nessa edição falo sobre:

  • O vesting é uma ferramenta de alinhamento entre expectativas, comprometimento e participação acionária em startups

  • Componentes principais: cliff (período de carência), schedule (cronograma de liberação) e triggers (gatilhos de aceleração)

  • Modelos incluem time-based (linear), milestone-based (por metas), performance-only (mérito) e híbrido

  • A ausência de vesting expõe a empresa a riscos como sócios inativos, dificuldade com investidores e conflitos societários

  • Um plano bem estruturado funciona como pilar de governança, reduzindo riscos jurídicos e aumentando atratividade para investidores

Parte 1: Fundamentos do vesting

O que é vesting e por que ele é importante para as startups?

O vesting impõe um ciclo, um compromisso contínuo de conquista, algo que garante que os sócios, colaboradores-chave ou advisors não apenas recebam equity, mas o conquistem ao longo do tempo ou mediante metas específicas. É uma proteção contra o famoso "sócio fantasma", aquele que abandona o barco e leva consigo uma parte significativa da empresa.

Por que tantas startups estão adotando o vesting como prática padrão? A resposta está na natureza volátil e colaborativa do ecossistema de inovação. Startups enfrentam pivôs estratégicos, mudanças de fundadores, reestruturações e fusões. O vesting garante que a distribuição de equity permaneça justa, coerente com o esforço de longo prazo e adequada ao momento da empresa.

Um plano de vesting bem estruturado é um pilar de governança. Ele reduz riscos jurídicos, evita disputas societárias, aumenta a atratividade da empresa para investidores e promove cultura de accountability. Por outro lado, negligenciar o vesting pode abrir espaço para conflitos irreversíveis, má alocação de recursos e desmotivação dos times. Pense: você daria 10% da sua empresa para alguém que vai trabalhar por apenas seis meses? Essa é o tipo de reflexão que o vesting nos obriga a fazer. Ele protege o equity da empresa contra promessas vazias e compromissos não cumpridos.

O vesting oferece uma saída justa para situações de desalinhamento, definindo prazos, metas, cláusulas de reversão e critérios de aceleração que garantem uma transição equilibrada e protegida. Ele atua como uma salvaguarda para os próprios fundadores. Sem ele, qualquer saída precoce de sócio pode comprometer futuras rodadas de investimento, reduzir a confiança do time e criar obstáculos jurídicos difíceis de contornar.

Os componentes do vesting

Para aprofundar a aplicação do vesting, precisamos entender como cada elemento técnico contribui para seu funcionamento e eficácia.

Cliff: O Período de carência inicial

O cliff funciona como um período mínimo de permanência. Durante esse tempo, nenhum equity é efetivamente liberado. Se o colaborador ou sócio deixar a empresa antes do final do cliff, ele não terá direito a qualquer participação. Trata-se de um mecanismo de proteção. O exemplo clássico é o cliff de 12 meses, onde só após um ano de contribuição contínua a pessoa passa a receber sua primeira fração de equity. Antes disso, nada é adquirido.

O cliff é importante porque filtra relações iniciais que não se sustentam e reduz a judicialização de acordos mal fundamentados. Ele garante que a empresa tenha tempo suficiente para avaliar a cultura, o fit e a entrega do novo sócio ou colaborador antes de comprometê-lo com o capital social. O cliff ideal varia, mas períodos menores que 6 meses costumam ser ineficazes, enquanto períodos superiores a 12 meses podem desincentivar bons talentos.

Schedule: Cronograma de liberação

Logo após o cliff, entra em cena o schedule, o cronograma de liberação. É o plano que determina como e quando o restante do equity será liberado ao longo do tempo.

O formato mais comum é o vesting linear mensal após o cliff de 12 meses. Em um plano de 4 anos, por exemplo, o colaborador recebe 25% do equity ao final do primeiro ano (cliff), e os 75% restantes são liberados em 36 parcelas mensais de 2,08% cada. Isso permite previsibilidade e mantém o incentivo constante.

Outras variações de cronograma incluem liberações trimestrais ou anuais (mais raras). Para C-levels e fundadores, cronogramas de 4 anos com cliff de 12 meses são padrão. Para advisors, cronogramas menores com milestones claros podem ser mais adequados.

Triggers: Gatilhos de aceleração

Os gatilhos de aceleração (triggers) são condições especiais onde o vesting é liberado de forma antecipada. Eles costumam ser acionados em eventos extraordinários como aquisições, demissões ou alterações estruturais na empresa.

  • Single-trigger: A aceleração total ou parcial ocorre em um evento específico, como a aquisição da empresa. Esse modelo é simples, mas pode gerar incentivos desalinhados, como a expectativa de ganho imediato em uma aquisição, mesmo sem continuidade na entrega de valor.

  • Double-trigger: Exige dois eventos concomitantes, como uma aquisição E uma demissão sem justa causa dentro de um período determinado. Este modelo é considerado mais equilibrado e se tornou padrão em mercados maduros, pois protege tanto a empresa quanto o colaborador.

Gatilhos de performance e metas estratégicas

Além dos gatilhos vinculados a eventos, o vesting pode estar atrelado a metas de performance (milestones). São marcos objetivos que, uma vez alcançados, liberam parte do equity prometido. Diferem dos gatilhos de aceleração por serem gatilhos internos e operacionais.

Exemplos práticos incluem:

  • Atingimento de MRR (Monthly Recurring Revenue)

  • Lançamento de produto

  • Crescimento de base de usuários

  • KPIs operacionais como CAC, LTV ou churn

É fundamental que os critérios sejam SMART (específicos, mensuráveis, alcançáveis, relevantes e temporais). Metas mal definidas ou difíceis de mensurar podem gerar frustração e insegurança jurídica.

Modelos de vesting

Escolher o modelo de vesting certo é mais do que seguir um padrão de mercado — é garantir que sua estrutura de equity reflita a cultura, as metas e o estágio da sua startup. Antes de decidir, pergunte-se: o que você quer incentivar? Retenção pelo tempo, entrega de resultados, mérito puro ou uma combinação desses elementos?

1. Time-based (Linear)

Foco: retenção contínua e previsibilidade.

Como funciona: Após o cliff (geralmente 12 meses), o equity restante é liberado em parcelas iguais — por exemplo, 2,08 % ao mês em um plano de 4 anos.

Vantagens:

  • Simplicidade de gestão e comunicação.

  • Beneficiários sabem exatamente o que esperar.

  • Ótimo para equipes operacionais e fases de estabilização.

Desvantagens:

  • Não distingue quem supera expectativas de quem apenas cumpre o tempo.

  • Pode não engajar colaboradores ós principais para metas críticas vesting playbook.

2. Milestone-based (Por metas)

Foco: entregas estratégicas e “conquista” de resultados.

Como funciona: Equity é liberado ao atingir marcos SMART (ex.: lançamento de produto, R$ 100 mil em MRR ou redução de churn) vesting playbook.

Vantagens:

  • Alinha participação a resultados de alto impacto.

  • Estimula foco em objetivos claros e mensuráveis.

Desvantagens:

  • Requer metas objetivas e processo rigoroso de validação.

  • Se mal definido, gera ambiguidades e disputas vesting playbook.

3. Performance-only (Mérito puro)

Foco: mérito individual sem base de tempo.

Como funciona: Todo o equity depende de metas de performance (ex.: captação de rodada, KPI de vendas) — nada é liberado por tempo decorrido.

Vantagens:

  • Recompensa estritamente quem entrega valor.

  • Ideal para advisors ou projetos com escopo definido.

Desvantagens:

  • Exige altíssima maturidade de gestão e medição.

  • Pode gerar ansiedade e insegurança financeira nos colaboradores Vesting_Livro_Completo.

4. Híbrido (Time + Metas)

Foco: retenção mínima via tempo e prêmio extra por resultados.

Como funciona: Parte do equity (ex.: 50 %) é liberada linearmente ao longo de 4 anos; os outros 50 % estão condicionados a 2–3 milestones estratégicos vesting playbook.

Vantagens:

  • Equilibra segurança e meritocracia.

  • Flexível para perfis multifuncionais (C-Level, fundadores tardios).

Desvantagens:

  • Requer esforço maior de estruturação e comunicação clara.

  • Mais complexidade de acompanhamento e auditoria interna Vesting_Livro_Completo.

5. Framework de decisão rápida

Vesting como ferramenta de cultura e atração de investimento

Mais do que cláusulas jurídicas, o vesting é um reflexo da cultura empresarial. Empresas que implementam planos de vesting de forma transparente, justa e bem comunicada, sinalizam ao mercado e ao time interno que valorizam comprometimento, meritocracia e visão de longo prazo. O plano de vesting ideal é aquele que funciona como um contrato de confiança. Ao oferecer participação, a empresa está dizendo: "Você faz parte da construção. Mas a sua parte será proporcional ao seu caminho percorrido aqui".

Investidores olham com atenção a estrutura de vesting de uma empresa. Um cap table comprometido com sócios inativos, ausência de regras de reversão e falta de cláusulas de cliff são sinais de alerta para qualquer fundo profissional. A existência de um plano bem estruturado não apenas protege a empresa de disputas, mas também demonstra maturidade na gestão. Além disso, permite que a empresa mantenha uma reserva de equity para atrair e reter talentos no futuro – o chamado equity pool.

Riscos em não adotar vesting

Ignorar o vesting pode parecer confortável no curto prazo, especialmente quando os fundadores ainda estão alinhados. Porém, sem essa ferramenta ativa, sua startup fica exposta a riscos que podem comprometer desde a cultura interna até a viabilidade de futuras rodadas de investimento vesting playbook.

  1. Sócios inativos com participação desproporcional

    Quando não há vesting, quem sai cedo mantém seu equity intacto. Isso gera desequilíbrio no cap table e força os fundadores ativos ou novos investidores a se diluírem além do planejado vesting playbook.

  2. Dificuldade em atrair investidores profissionais

    Fundos de VC e investidores-anjo identificam a ausência de cláusulas de cliff ou reversão como sinal de amadorismo. Um cap table mal estruturado reduz seu valuation e pode até bloquear aportes Vesting_Livro_Completo.

  3. Perda de talentos e frustração da equipe

    Sem regras claras, colaboradores não sabem quando ou por que vão receber equity. A sensação de imprevisibilidade mina o engajamento, aumenta o turnover e prejudica o clima organizacional.

  4. Conflitos societários e judicialização

    Desacordos sobre quem “merece” quanto equity podem escalar para disputas jurídicas. Processos societários custam tempo, dinheiro e distraem você das prioridades de crescimento.

  5. Má alocação de recursos e desmotivação

    Distribuir participação sem critérios incentiva o “sócio fantasma” e desvaloriza o esforço real. Negligenciar o vesting abre espaço para conflitos irreversíveis, má alocação de recursos e desmotivação dos times Vesting_Livro_Completo.

Pense: vale mais a pena investir algumas horas para formalizar um plano de vesting ou correr o risco de lidar com disputas que podem custar meses de trabalho e abalar a confiança do seu time?


Parte 2: Modelos, cronogramas e gatilhos

O papel dos modelos na estratégia de retenção

Escolher o modelo correto de vesting é mais do que uma decisão jurídica – é uma escolha de gestão de pessoas. Cada modelo comunica ao time o que é valorizado: presença contínua, entregas concretas, superação de metas, ou uma combinação dessas variáveis. A definição correta depende do estágio da empresa, do perfil dos beneficiários e dos objetivos organizacionais.

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