kamelo #191 | por que você deveria conhecer o James Dyson?
Descubra os segredos para criar uma startup de sucesso e conquistar o mercado. Aprenda com exemplos notáveis, como James Dyson, e entenda como desenvolver diferenciais competitivos para se destacar.
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é provável que você nunca tenha ouvido falar do James Dyson, mas esse é o cara que fez mais de 5.000 protótipos para lançar seu aspirador de pó… você não leu errado. um comportamento inventivo que diz muito sobre o comportamento empreendedor que faz sentido (e faz a diferença) no mercado.
(sua startup pode ser um case na kamelo, basta acessar e responder esse formulário)
antes de começar
hoje vamos falar sobre pessoas criativas, mas há um limite que separa pessoas criativas de pessoas oportunistas, sobre esse segundo grupo o manual do usuário mandou muito bem quando falou sobre os especialistas em Threads que soltaram cursos horas depois da plataforma ser aberta ao público!
sua empresa é muita boa em algum assunto que interessa ao ecossistema de startups, por exemplo: criação de MVP, pitch, trabalho remoto, internacionalização,…? a kamelo pode ser um canal de comunicação regular com o esse público a partir da co-criação de conteúdos que aumentem a autoridade da sua marca sobre esses assuntos. se isso fizer sentido, me manda um e-mail no luiz@kamelo.news para falarmos sobre isso 🤗
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você pode ouvir um resumo dessa edição ou ler no seu tempo 🤗
sabe aquela ideia que fez você entrar de cabeça na jornada empreendedora para lançar isso como uma startup no mercado? é bem provável que essa ideia não seja exatamente o que o mercado precisa, até por que o mercado só fala sobre o que é tangível. por isso o olhar empreendedor vai buscar entendimento sobre os comportamentos para identificar correlações que, juntas, criam novas percepções de valor.
um aspirador de pó não é tão simples quanto parece
o que torna o papel da(o) médica(o) tão importante?
quando procuramos apoio médico, geralmente não sabemos explicar exatamente a dor que estamos sentindo, por mais referências que possamos usar para explicar, nada será preciso o suficiente para a(o) médica ir direto na solução.
o papel da(o) médica(o) é usar sua experiência em casos similares para proativamente investigar as causas da dor e seguir um protocolo com disciplina necessária para não só eliminar a dor percebida, mas resolver a causa para evitar que a dor volte.
quando combinamos experiência, proatividade e disciplina temos um arranjo criativo que é útil tanto para médicas(os) como para empreendedoras(es) de startup… estamos falando de um comportamento investigativo que nos permite descobrir como tratar o emergencial e prevenir a causa crônica.
esses dois produtos entraram no mercado para resolver um problema mal descrito pelo mercado. quando o primeiro walkman foi lançado pela Sony em 1982 por US$150,00 a primeira reação foi sobre o alto valor por um dispositivo que “não tinha utilidade”. mesmo assim era esperado uma venda de 5.000 unidades por mês, o resultado foi que venderam 50.000 unidades nos dois primeiros meses e mais de 400 milhões de unidades até ser descontinuado em 2010!
o que aconteceu nessa história “se repetiu” com o primeiro iPod, ambos entregavam para o mercado um produto que se correspondia com os comportamentos da época, mas não eram tangíveis as(aos) consumidoras(es).
estamos falando da capacidade de estar “um passo à frente” do que o mercado sabe explicar sobre a dor que está sentindo, para entender como isso se conecta com a causa raiz desconhecida pro quem não tem conhecimento especializado.
e no caso dos aspiradores do James Dyson?
bom, primeiro vamos entender o que tínhamos no mercado… quando pensávamos em aspiradores de pó, tínhamos a visão de um sugador de poeira que ficava armazenada em "sacos”, quando enchiam de sujeira eram descartados e substituídos por novos. a indústria descobriu uma forma de lucrar [muito] vendendo esses sacos.
o argumento era que as pessoas não queria ter contato com a sujeira (uma boa hipótese), mas essa não era a causa raiz, na verdade as pessoas queriam um produto que pudesse ter uma ação contínua de limpeza, mas isso só seria descoberto com muita validação.
quando olhamos para a cara feliz do J. Dyson ao lado do seu primeiro modelo de aspirador não dá pra imaginar que esse produto foi concebido depois de 5.217 protótipos que deram errado de milhares de formas diferentes!
o que podemos aprender com o comportamento criativo do James Dyson?
1️⃣ vender produto barato não é um diferencial
eu já ouvi tanta gente querendo emplacar um novo produto sob o argumento de “custo apenas x% do preço da concorrência”. quando oferecemos um novo produto ao mercado precisamos considerar valores médios praticados pela concorrência, isso mostra a disposição financeira para consumir soluções como a sua.
novos produtos não precisam ser os mais baratos, se eles fizerem sentido e gerarem percepção de valor, o preço será definido pelo máximo possível a ser cobrado considerando o impacto da solução, a priorização do problema e a disposição financeira do mercado.
- Luiz, tem regra para definir o preço do meu produto?
não, ou pelo menos nenhuma que sirva para todos os casos. por isso a importância de entender a disposição financeira do mercado para investir no potencial de impacto projetado ao produto.
2️⃣ acomodar-se é o primeiro passo para o fim
nos anos 50 a Citroën teve um pico de 12.000 unidades desse modelo da imagem, o DS. era um carro à frente do seu tempo, do design às tecnologias embarcadas, mas ele teve um (grande) defeito: tornou os executivos da empresa acomodados. durante 25 anos a empresa não fabricou outro modelo!
resultado: foram comprados (barato) pela Peugeot em 1974!
quem deixa de buscar evolução fica para trás no mercado, por melhor que seja o produto, as pessoas estão sempre buscando versões melhores… além disso, a concorrência não vai se dar por vendia e deixar de desenvolver produtos que, em algum momento, vai ser melhor que o parado no tempo.
em 25 anos, James Dyson inventou de aspiradoras de pó até carros elétricos! podemos entender esse comportamento por uma frase repetida por Jeff Bezos: “todo dia é um dia 1”.
na jornada empreendedora não há um "ponto final”, sempre há o que ser criado, evoluído e adaptado. por isso que uma das principais características empreendedoras é a proatividade criativa que gera uma busca contínua para entender as dinâmicas, tendências e oportunidades de mercado.
3️⃣ o mercado pode sempre te vencer
maus produtos em bons mercados, o mercado vence;
bons produtos em maus mercados, o mercado vence.
podemos estar criando coisas incríveis (em termos de tecnologia, funcionalidades e usabilidade) para um mercado que não prioriza o impacto do seu produto no contexto. por mais disciplinado que você seja, não será suficiente para ter sucesso no médio prazo.
a projeção de sucesso vem da descoberta de bons mercados para entregar bons produtos… onde o entendimento de bomestá ligado à percepção de valor a partir do uso, da retenção e do crescimento orgânico.
grandes empresas são reféns da sua história… mas as startups não!
James Dyson resolveu competir com uma indústria gigante e conseguiu firmar uma posição solida no mercado, por que? porque nenhuma grande marca era tão adaptável ao mercado como ele, mas não é só isso, segundo ele mesmo:
pequenos negócios precisam se colocar sempre “um passo” às frente do que é entregue pelas grandes empresas ao mercado (pense no caso recente do chatGPT à frente das dinâmicas de busca da Google);
os grandes players de mercado tenderão sempre a permanecer na inércia do que é lucrativo (isso pode cair no mesmo problema da Citroën que confundiu tradição com retrocesso);
grandes empresas, geralmente, investem em novas tecnologias quando há muito conhecimento interno que minimize as chances de erro.
por outro lado as startups podem (e devem) desenvolver um relacionamento empático com o mercado, junto com o desenvolvimento da capacidade de adaptação para tornar o processo de entrega de soluções potencialmente mais interesses que os grandes players.
4️⃣ saiba nichar seu mercado para ganhá-lo
James Dyson contou a história de quando sua esposa começou a estudar o povo Zulu que ocupa uma região no sul da África. ela estudou as origens, os comportamentos, práticas comuns, crenças e tudo que diz respeito ao povo Zulu, de forma que as pessoas a buscavam para saber mais sobre as histórias e o momento deles (mesmo ela não tendo nenhuma relação com essas pessoas).
o que ele chamou de princípio de Zulu se aplica ao comportamento esperado das(os) empreendedoras(es), como feito pelo próprio James que num dado momento dos seus testes de produto estudou tudo que encontrou sobre os métodos de sucção para entender o que melhor poderia funcionar nos modelos dos aspiradores.
entrar em mercados com de muita concorrência não é uma missão simples, especialmente quando há entre as concorrentes grandes marcas dominando o mercado. dai a importância de identificar qual aspecto de produto te aproxima mais rápido do ICP (ideal customer profile) e enfatizá-lo nas estratégias de posicionamento de mercado.
a partir do entendimento sobre o que é específico ao seu negócio surgirá a visão de diferencial competitivo.
por exemplo, o notion.so poderia ser facilmente confundido como mais um bloco de notas, mas ao invés de querer bater de frente com produtos mais acessíveis com o notes da Apple, deu ênfase à sua capacidade de usar uma interface simples e poucas funções para criar uma infinidade de possibilidades de ambientes que atendem o máximo de demandas de organização.
no início da jornada, ser muito boa(bom) em um nicho é muito melhor que ser “ok” em algo muito genérico e facilmente substituível.
📝 o arranjo criativo
experiência - para desenvolver conhecimento profundo e sólido sobre o mercado e o contexto que será explorado pelo produto. se tornar especialista do mercado te dará maior capacidade de adaptação frente às dinâmicas, tendências e comportamentos;
proatividade - para estar no modo de constante evolução, questionando tudo que está sendo feito e entregue ao mercado vs. a mudança de percepção de valor, as novas influências que podem tornar seu produto descartável;
disciplina - para testar muito (lembre-se dos mais de 5.000 protótipos do James Dyson para ter sua primeira versão de aspirador de pó), se permitir errar e usar o erro como base de aprendizado. esse aprendizado será a base para todos os aspectos da sua jornada, seja na identificação de um produto que tenha sucesso, seja para entender que algo precisa mudar.
não pare por aqui
o site do James Dyson tem muita informação sobre ele e suas invenções;
além disso você pode ser o livro onde ele explica como ter uma vida baseada no aprendizado através dos erros cometidos;
hoje vou recomendar você conhecer a reator 2 do
, uma newsletter que vai te fazer refletir sobre muitas coisas que geralmente deixamos passar desapercebido.
se você chegou por aqui pela primeira vez, te convido para assinar a kamelo, passamos de 3.000 pessoas acompanhando meus conteúdos, você é muito bem-vinda(o) 🤗
nos falamos na próxima edição, mas você pode se conectar comigo no LinkedIn, Instagram e Threads
Sempre uma curadoria de conteúdo muito bem feita. Parabéns Luiz! Valeu também pela indicação!