Quando pensamos em crescer no mercado de startups, a primeira imagem que costuma vir à mente é de métricas, captação de investimento e estratégia de produto. Mas, para Laís Macedo, fundadora e CEO da Future Is Now, existe um pilar silencioso (e decisivo) que pode determinar a velocidade e a qualidade desse crescimento: a inteligência relacional.
Com quase 15 anos de experiência em liderança de grupos empresariais, incluindo sete anos como CEO do LIDE Futuro, Laís construiu sua carreira no epicentro das conexões estratégicas. Hoje, à frente da Future, ela reúne mais de 200 líderes de scale-ups e grandes empresas nacionais e multinacionais para criar um ecossistema colaborativo, plural e orientado para o impacto real no mercado e na sociedade.
A conversa que tivemos foi mais do que um mergulho no modelo de negócio da Future Is Now. Foi uma aula prática sobre como o networking, quando tratado como core e não como apêndice, se transforma numa vantagem competitiva que nenhuma tecnologia consegue replicar.
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Da estagiária à fundadora: a trajetória que moldou uma especialista em conexões
Mineira de Andradas, Laís chegou a São Paulo em 2008 e iniciou sua jornada no LIDE como estagiária. Ao longo de 13 anos, construiu uma trajetória sólida até se tornar CEO do LIDE Futuro, convivendo com líderes empresariais e absorvendo a importância de relações bem cultivadas. Foi nesse ambiente que desenvolveu a percepção que define seu trabalho hoje: o networking, quando centrado no indivíduo e guiado por propósito, é um motor de transformação.
A criação da Future Is Now foi resultado direto dessa maturidade. Mais que um grupo de networking, a Future é uma plataforma para líderes da nova economia se conectarem em espaços estruturados (online e offline) com eventos exclusivos, comitês setoriais, concierge de relacionamento, clube de benefícios e grupos temáticos. O foco não é apenas fazer negócios, mas criar relações de confiança que geram negócios como consequência.
Networking como core business e não como acessório
Laís é categórica: muitos empreendedores ainda tratam o networking como ferramenta pontual para vender, captar investimento ou buscar emprego. Essa abordagem transacional, segundo ela, é limitada e perde o poder real de construção de valor.
Na Future, a lógica é invertida. Antes de pedir, é preciso oferecer. Antes de extrair, é preciso contribuir. Essa cultura colaborativa garante que cada membro se torne não apenas um possível cliente, mas uma fonte de oportunidades para todos os outros.
O resultado? Uma rede que não vive de trocas esporádicas, mas de relações que se sustentam no tempo e criam pontes em vez de muros.
O momento do mercado e o papel das comunidades empresariais
Segundo Laís, o mercado de networking vive um amadurecimento. Empresas e líderes começam a entender que presença em comunidades estratégicas não é luxo, mas parte essencial do posicionamento de marca, da construção de reputação e do acesso a oportunidades.
Ao mesmo tempo, ela alerta: criar e gerir uma comunidade é muito mais do que juntar pessoas. É preciso curadoria, propósito e consistência na entrega de valor. “Não é sobre quantidade de conexões, mas sobre a qualidade e profundidade delas”, reforça Laís.
Escalando com propósito: modelo de negócio e expansão
Durante muito tempo, a Future operou com uma única fonte de receita: o membership. Embora sustentável, esse modelo mostrou seus limites. Em 2025, Laís iniciou um processo de diversificação, criando novas frentes como a Future is Now Academy, licenciamento da marca para unidades estaduais e consultoria para construção de comunidades B2B.
Essa estratégia permite crescimento sem perder o foco no core: inteligência relacional. Tudo que entra na operação precisa estar alinhado a essa essência.
Tecnologia, IA e o futuro do networking
Embora reconheça o poder da inteligência artificial para mapear contatos e sugerir conexões estratégicas, Laís ressalta: a IA não substitui a autenticidade. Em um mundo cada vez mais automatizado, o diferencial competitivo estará na capacidade de gerar confiança, presença e interesse genuíno.
Para fundadores de startups, essa é uma lição valiosa: use a tecnologia como aliada, mas não terceirize o que só você pode entregar a construção de relações humanas reais.
O papel (e os dilemas) de ser CEO
Laís encara o cargo de CEO com a clareza de quem sabe que liderança também exige desapego. Ela não descarta, no futuro, assumir um papel mais voltado à visão estratégica (CVO), trazendo alguém para gerir o dia a dia. Para ela, ser CEO é unir pessoas em torno de um propósito, transformar visão em ação e ter coragem de fazer movimentos que beneficiem o negócio, mesmo que isso signifique mudar de cadeira.
Lições finais
A conversa com Laís deixa aprendizados diretos para quem lidera ou quer liderar uma startup:
Networking é investimento de longo prazo — comece antes de precisar.
Construa antes de vender — negócios são consequência de relações sólidas.
Curadoria importa — escolha onde e com quem você vai se conectar.
Diversifique sem perder foco — cresça, mas preserve seu core.
Humanize na era da IA — autenticidade não é replicável por algoritmo.
Se você é founder e quer entender como criar um ecossistema em torno da sua startup que gere oportunidades sustentáveis, vale assistir a conversa completa com Laís Macedo.
Nos falamos na próxima edição.
— Luiz