Recentemente, conversei com Jorge Ramos, CEO da Idea Maker, e saí com uma visão clara: crescer sem perder a essência de startup é um dos maiores desafios para qualquer fundador. Jorge é um executivo com décadas de experiência em gestão de tecnologia e inovação, tendo liderado programas estratégicos na Embraer e ocupado posições de destaque fora do Brasil. Em 2020, foi convidado para apoiar a governança da Idea Maker e acabou assumindo o comando da empresa.
A Idea Maker vai além de ser apenas mais uma fintech. É uma empresa que desenvolve soluções digitais em três áreas: e-commerce de produtos com venda incentivada, meios de pagamento e gestão de dados. Conta com mais de 15 milhões de usuários ativos, 23 milhões de downloads e movimenta R$ 800 milhões em 2024. Agora, a companhia se reposiciona com nova identidade de marca e projeta crescer mais 20% em volume transacional em 2025.
Nossa conversa trouxe lições valiosas para fundadores que estão desenhando estratégias de crescimento. E se você acompanha a kamelo, já sabe: esses papos se transformam em aprendizados práticos para sua jornada.
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A trajetória de Jorge Ramos: da Embraer ao comando de uma fintech
Jorge iniciou sua carreira como engenheiro eletrônico, apaixonado por tecnologia. Percebeu cedo que a área de software ofereceria mais oportunidades no Brasil e mergulhou nesse universo. Sua carreira se consolidou na Embraer, onde atuou como diretor de desenvolvimento tecnológico por sete anos, coordenando mais de 350 engenheiros em projetos que impactariam a aviação 15 anos depois.
Além disso, foi CEO de uma empresa adquirida pela Embraer e atuou como VP para a região EMEA (Europa, Oriente Médio e África), acumulando experiência em gestão internacional e governança. Após se aposentar formalmente, retornou ao Brasil com o objetivo de ajudar empresas familiares a estruturarem crescimento sustentável. Foi nesse contexto que conheceu a Idea Maker.
O convite inicial era para criar governança. Em poucos meses, a estrutura estava implementada. O próximo passo foi assumir o papel de CEO, algo que Jorge aceitou com entusiasmo: "Eu já estava apaixonado pela empresa. A Idea tinha desafios únicos, mas também um potencial gigantesco de crescimento."
O que é a Idea Maker e por que importa para o mercado
Fundada em 2011, a Idea Maker atua em três grandes frentes:
E-commerce de produtos com venda incentivada – soluções para títulos de capitalização e promoções regulamentadas, com presença nacional.
Meios de pagamento – a fintech é autorizada pelo Banco Central como Instituição de Pagamento, possui carteira digital própria, gateway de pagamento, split automático de comissões e soluções como Payment as a Service.
Gestão e transação de dados – incluindo o registro eletrônico de contratos de financiamento de veículos e a plataforma Idea Manager, para gestão lotérica.
A empresa é responsável por aplicativos de impacto, como Hiper Cap Brasil, H App do Bem (que já arrecadou mais de R$ 17 milhões em doações para o Hospital de Amor) e Apcap da Sorte.
Com uma base massiva de usuários e soluções que combinam tecnologia, segurança e escalabilidade, a Idea Maker conquistou certificações internacionais de referência, como ISO/IEC 27001, 27701, 37001 e 37301, algo raro entre fintechs brasileiras.
O momento do mercado: inovação, regulação e crescimento sustentável
O setor financeiro brasileiro é referência mundial em inovação. O PIX, por exemplo, tornou-se padrão global em pouco tempo, e Jorge destacou que a Idea Maker foi uma das primeiras a implementá-lo em suas plataformas, ainda em fevereiro de 2021. Hoje, o PIX representa 90% das transações da empresa.
Esse movimento demonstra como estar atento ao timing e adaptar-se rapidamente é vital para startups. Mas Jorge enfatiza que crescimento não deve ser confundido com improviso: "Não podemos perder a essência de startup, mas precisamos de processos que reduzam riscos e aumentem a previsibilidade. Governança não engessa, ela evita desperdícios e retrabalho."
A relação com investimento: bootstrapping, spin-offs e visão de longo prazo
Um ponto central da nossa conversa foi como a Idea Maker enxerga o financiamento de crescimento. Diferentemente da maioria das startups que seguem o playbook de rodadas sucessivas de venture capital, a Idea Maker adota uma estratégia bootstrapped, crescendo com base em resultados próprios e sustentabilidade financeira.
Isso não significa aversão a investimento externo. Jorge foi claro: "Não estamos fechados. Mas acreditamos que uma base sólida, financeiramente saudável, nos dá liberdade para atrair investidores no momento certo ou até fazer spin-offs de negócios específicos."
Esse modelo reduz riscos, mantém o controle dos fundadores e permite capturar maior valor em eventuais rodadas futuras, já que a empresa chega mais madura e estruturada às negociações.
O papel do CEO: ser maestro e não solista
Encerramos a conversa falando sobre o papel do CEO em startups em crescimento. Para Jorge, a função vai muito além de decisões estratégicas ou presença em operações:
"O papel principal do CEO é formar pessoas. Criar um ambiente de confiança, preparar o time para assumir responsabilidades e crescer. Eu me vejo como maestro: não preciso tocar todos os instrumentos, mas preciso garantir que a música faça sentido."
Essa visão conecta liderança servidora com cultura de inovação. Jorge defende que o CEO deve dar autonomia, manter foco em governança leve e garantir que todos se sintam donos da estratégia da empresa.
Por que essa conversa importa para fundadores de startup
A jornada de Jorge Ramos e da Idea Maker deixa pelo menos três aprendizados diretos:
Governança não é burocracia. É o que permite crescer sem retrabalho, com previsibilidade e segurança.
Bootstrapping pode ser estratégico. Não depender de rodadas externas dá liberdade e aumenta o valor de futuros movimentos de M&A ou IPO.
O CEO deve formar pessoas. Mais do que resultados imediatos, é o desenvolvimento do time que sustenta o crescimento no longo prazo.
Para startups que buscam crescer de forma consistente, a Idea Maker mostra que é possível equilibrar a agilidade de uma startup com a robustez de uma empresa consolidada.
💡 Esse artigo é parte da minha série de conversas com CEOs e fundadores que estão transformando o mercado. Se você quer acompanhar mais reflexões como essa, assine a kamelo e receba todo esse conteúdo diretamente no seu e-mail.
— Luiz












