Essa edição da kamelo está sendo enviada para 3.863 assinantes que acompanham semanalmente os conteúdos publicados. Junte-se a essa turma, assine gratuitamente a newsletter:
O que acontece quando uma especialista em comunicação mergulha no mundo da inovação? Se essa especialista foi a Roberta Simões acontece um negócio diferente: três empresas, uma jornada solo e uma visão que une clareza estratégica, execução enxuta e modelos sustentáveis.
Essa é uma história sobre como transformar conhecimento prático em produto, como encontrar o mercado relevante, errando, aprendendo — mesmo sem sócios ou investidores externos pode apresentar um caminho para construir estruturas sólidas. Se você está trilhando um caminho parecido, essa conversa pode te ajudar a enxergar possibilidades mais nítidas.
Do marketing ao pitch: a virada para a inovação
Roberta começou sua carreira em áreas tradicionais: publicidade, marketing corporativo, entretenimento, produção de conteúdo. Passou por agências, liderou campanhas e teve até um blog de culinária — onde já explorava o ambiente digital antes de ser o hype de hoje. Mas foi em 2014, em meio à onda das primeiras aceleradoras de startup no Brasil que ela teve 1º contato direto com o ecossistema de startups.
Na época, startup ainda era palavra nova. Muita gente achava que era coisa de “moleque de boné fazendo aplicativo”. Mas Roberta viu ali algo que a atraiu: o dinamismo, o espaço para testar ideias, e principalmente o desafio de transformar inovação em algo tangível para o mercado.
Pouco tempo depois, ela estava liderando uma das primeiras aceleradoras corporativas do país, e a primeira focada em impacto socioambiental. Foram mais de 40 startups aceleradas — e um aprendizado que mudou sua forma de ver o mercado.
O padrão invisível que virou oportunidade
Em todas essas experiências, ela começou a notar um padrão silencioso: founders que conheciam profundamente seus negócios, mas não sabiam comunicar. Tinham bons produtos, boas equipes, bons dados. Mas não sabiam contar a história.
E nesse momento, Roberta juntou os pontos. Enquanto muitos profissionais da inovação ignoravam o poder da comunicação, e os comunicadores não entendiam nada de startups, ela dominava os dois mundos. E isso era uma vantagem competitiva real.
Foi então que decidiu transformar esse conhecimento em serviço. No começo, com um modelo mais clássico de consultoria, que levava seu próprio nome. Mas esse formato logo mostrou seus limites. “As pessoas me viam como consultora individual. E quando você não é alguém muito famoso, isso te coloca numa posição inferior na hora de entrar numa reunião”, lembra ela.
Roberta entendeu que precisava virar a chave. Criar algo com cara de startup. E com modelo escalável. Dai surgiram:
Pitching: transformando apresentações em ativo estratégico
Foi aí que nasceu a Pitching — um negócio pensado para resolver um problema claro: a incapacidade de muita gente, especialmente dentro de grandes empresas, de se apresentar bem.
Mas não se trata só de treinar pessoas para “falar bonito”. A Pitching trabalha o pitch como ferramenta estratégica. Um pitch bem feito pode abrir portas, acelerar decisões, trazer parceiros. Um pitch mal feito pode enterrar um projeto promissor. E isso vale tanto para uma startup quanto para o líder de uma área de negócios dentro de uma empresa gigante.
No começo, a Pitching tentava atender vários perfis: founders, agências, consultorias de inovação. Mas com o tempo ficou claro que o valor era mais bem percebido pelas grandes empresas — especialmente pelas lideranças. E foi aí que veio o grande acerto de posicionamento: focar em líderes e times estratégicos.
“A liderança é o ponto de inflexão. Quando o CEO ou o diretor começa a apresentar bem, isso muda o clima. Os outros times seguem o exemplo. Isso vira cultura”, explica Roberta.
DesignGuy: uma agência de um só, com entregas em 48h
Enquanto a Pitching ganhava tração, um outro insight veio de fora. Roberta conheceu o case da Design Joy, uma agência dos Estados Unidos com faturamento milionário e... apenas uma pessoa no time. Ela mostrou o modelo para o marido, designer com duas décadas de experiência, prêmios internacionais e bagagem de agências globais.
E a reação foi imediata: “Ninguém está fazendo isso no Brasil.”
Assim nasceu a DesignGuy — uma agência solo, 100% online, com modelo de assinatura e entregas rápidas. O cliente pede, e em até dois dias recebe a arte. Tudo com padrão elevado, sem reunião, sem retrabalho. A proposta: eliminar o que gera atrito e entregar o que realmente importa.
O que parecia ousado no início virou diferencial. Os clientes adoraram a agilidade, a ausência de burocracia, a sensação de que tudo simplesmente... funciona.
Brandmade: o que vem antes da comunicação
E então veio o terceiro movimento.
Muitos clientes chegavam querendo um pitch ou uma nova identidade visual — mas sem estratégia. Sem saber direito o que vendiam, por que vendiam, para quem vendiam. Às vezes eram empresas que já emitiam nota há anos, mas sem uma base estratégica sólida.
Roberta sabia que tentar resolver isso pela Pitching ou pela DesignGuy seria mexer demais nos modelos que já funcionavam bem. A solução foi criar uma nova camada: a Brandmade, uma empresa focada exclusivamente em estratégia de marca e modelo de negócio.
É uma consultoria leve, sem times, mas com entregas profundas. É onde ela ajuda negócios a entenderem seu posicionamento antes de executar.
Hoje, Roberta e seu marido tocam essas três empresas juntos. Sem equipe fixa, sem estruturas pesadas, sem desejo de montar um time de 20 pessoas.
Eles operam como um micro-ecossistema, cada negócio com uma proposta clara, conectados por uma lógica comum: eficiência extrema com qualidade alta. Tudo é pensado para funcionar com o mínimo de atrito possível. Do onboarding de cliente até a entrega final.
E o resultado dessa abordagem aparece na prática. A cada dez clientes da Pitching, quatro acabam contratando também a DesignGuy. É um índice de cross-sell altíssimo — e natural.
Quando o mercado amadurece o jogo muda!
Quando começou a Pitching, muita gente dizia que era um serviço “difícil de vender”. Que pitch era algo que só fazia sentido dentro de um programa de inovação. Mas isso mudou. Hoje, as empresas procuram ativamente esse tipo de solução.
Design sempre teve apelo mais óbvio. Mas a Brandmade também evoluiu: antes vista como “intangível”, hoje é percebida como essencial. E tudo isso aponta para uma mesma tendência: o mercado está valorizando mais clareza estratégica, comunicação bem-feita e execução leve.
E é justamente aí que Roberta encontrou o ponto de encaixe ideal para seus negócios.
Lembre-se de enviar essa edição para outras(os) empreendedoras(es) da sua rede:
O lado B do empreendedorismo solo
Claro que nem tudo são flores. Roberta compartilha que está há seis meses tentando ser contratada por uma grande empresa, que quer seu serviço, mas não sabe como processar a contratação de alguém que trabalha sozinha. O sistema simplesmente não tem alavancas para esse tipo de estrutura.
Mas esse é um caso isolado. No geral, o fato de ser uma solo founder não atrapalha. Pelo contrário: clientes veem valor na experiência, na entrega direta, na ausência de burocracia. Ela vende o que sabe, e entrega ela mesma.
E isso gera confiança.
Qual a visão daqui pra frente?
Hoje, com os produtos validados e a operação sob controle, Roberta está focada em ganhar escala — mas no ritmo certo. Quer estruturar os canais de venda, aumentar a base de clientes, e continuar mantendo a proposta de valor intacta.
A visão de futuro não envolve rodadas de investimento ou expansão desenfreada. Envolve crescimento inteligente, com consistência, e sempre priorizando qualidade e eficiência.
Ela quer ser a primeira referência quando alguém pensar em:
Melhorar a capacidade de comunicação de líderes e equipes.
Criar uma marca com base estratégica clara.
Ter design profissional de forma simples, rápida e confiável.
E se você também estiver empreendendo só?
Roberta deixa algumas reflexões para quem está nessa mesma jornada:
Você precisa criar produto a partir da dor, não da ideia. Escute o mercado. Identifique o problema. Só depois pense em soluções.
Nem sempre dá pra começar com nicho claro. Às vezes você vai precisar testar vários caminhos antes de entender onde o valor fica evidente.
Eficiência é diferencial. Se algo gera ruído, atrito ou retrabalho, repensa. Seja obsessivo por clareza, agilidade e simplicidade.
Não se esqueça de comunicar. Você pode ter o melhor produto do mundo, mas se não souber apresentar, vai perder espaço.
Empreender só não é fraqueza. É uma escolha. E pode ser a melhor forma de manter o controle, a visão e o propósito do seu negócio vivos.
Para saber mais:
Pitching – Apresentações com estratégia e impacto
DesignGuy – Design de alta qualidade em até 48h
Brandmade – Estratégia de marca para negócios que querem clareza antes de crescer
Roberta Simões é a prova de que dá para empreender com profundidade sem abrir mão da leveza. De que dá para construir autoridade sem inflar estrutura. E de que dá para escalar valor sem escalar equipe.
Ela é, acima de tudo, uma estrategista que encontrou um jeito próprio — e altamente funcional — de existir no mercado.
Se você também está nessa jornada, que essa história te inspire a seguir com mais foco, mais clareza e mais leveza. Porque, sim, dá para construir um negócio grande sendo só você. E às vezes, esse é o melhor dos mundos.
Obrigado por ter lido essa edição da Kamelo. Cada edição é uma oportunidade para refletir sobre nossas decisões ao longo da jornada. Nos vemos por aqui no sábado, dia 29/03, com uma edição bem interessante!
Fique bem,
Share this post