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Como Solano Todeschini tem transformado o mercado com a Voa Health?

A jornada de uma startup healthtech que aplica IA no registro clínico, atraiu seed de US$ 3 mi, e refina sua visão de mercado e liderança de fundador para escalar produtividade e inovação em saúde.

O lançamento de uma healthtech capaz de desburocratizar o atendimento médico não é novidade. Porém, quando essa promessa vem de alguém que conhece a fundo as dores do setor. Nascendo da vivência clínica e abraçando a tecnologia como solução. O resultado tende a ser transformador.

Solano Todeschini, médico de formação e empreendedor nato, é cofundador e CEO da Voa Health, empresa que vem redesenhando a relação entre médicos, pacientes e inteligência artificial (IA). A trajetória de Solano à frente da Voa pode ser contada a partir de quatro pilares fundamentais: o que é a startup, sua visão de mercado, a relação com investimento e o papel do CEO na liderança da companhia.

O que é a Voa Health?

A Voa Health nasceu da percepção de que uma parte significativa do tempo de consulta médica é consumida por tarefas burocráticas, como o preenchimento manual de prontuários clínicos. Solano e seu cofundador, Felipe Loures, identificaram nessa “fricção” uma oportunidade de aplicar IA para automatizar a documentação clínica, devolvendo ao profissional de saúde o foco no cuidado ao paciente. Por meio de uma interface conversacional, a Voa transcreve automaticamente o diálogo médico-paciente, extrai informações relevantes do histórico clínico e estrutura os dados de forma segura e organizada. Dessa forma, médicos ganham, em média, mais de 80% de economia no tempo de digitação e gestão de burocracias, enquanto a qualidade dos registros clínicos aumenta substancialmente .

Além de simplificar o registro de prontuários, a Voa se propõe a criar um “back office” de IA para o médico, coletando dados não estruturados, como conversas, PDFs de exames e imagens. Transformando-os em informações acionáveis. Essa base robusta de dados abre caminho para funcionalidades futuras, tais como acompanhamento de pacientes em toda a jornada de cuidado, recomendação de tratamentos personalizados e monitoramento proativo de condições crônicas .

Em poucos meses de operação, a Voa já conta com mais de 40 mil médicos registrados na plataforma e processa mais de 100 mil atendimentos clínicos por mês . Essa adoção acelerada demonstra a relevância do problema que a startup resolve e o potencial de escalabilidade de sua solução baseada em IA.

Como está o mercado?

Solano parte do princípio de que, no setor de saúde, o ponto mais estratégico de entrada é a relação médico-paciente. Ao escolher focar inicialmente na experiência do médico (eliminando a burocracia do registro clínico), a Voa se posiciona como peça central em um ecossistema que vai além do simples preenchimento de formulários. Conforme Solano explica, “a relação médico-paciente é o core para qualquer serviço de saúde” e, ao disruptar esse núcleo, “soluções adjacentes se tornam muito mais fáceis” .

A visão de mercado da Voa envolve dois grandes movimentos:

_ primeiro, consolidar-se como plataforma de transcrição e estruturação de dados para profissionais de saúde; _ segundo, evoluir para um sistema colaborativo que englobe médico, IA e paciente.

Nesse estágio, a startup pretende oferecer ações automatizadas a partir dos dados capturados, como lembretes de acompanhamento, alertas de saúde e insights clínicos em tempo real. Essa abordagem transforma a Voa em uma “agência” de IA que amplifica a produtividade e a qualidade do cuidado em escala .

Entretanto, há desafios de “go-to-market” específicos ao setor de saúde, sobretudo relacionados à distribuição e adoção de novos produtos. Solano aponta que, embora seja possível criar diferenciais técnicos com IA, é fundamental “ter bons canais, uma excelente distribuição e um go-to-market eficiente” para atingir massa crítica de usuários . A decisão de concentrar esforços no médico, portanto, é também estratégica, pois facilita a penetração inicial e cria barreiras de saída para concorrentes que não alcançam o mesmo nível de especialização.

Qual relação com investidores?

Nenhuma startup de tecnologia em saúde consegue acelerar seu ritmo de inovação sem capital adequado. Para Solano, levantar recursos financeiros não se tratou apenas de garantir sobrevivência, mas, fundamentalmente, de impulsionar velocidade. Variável que ele considera determinante para o sucesso em IA. “Velocidade vezes tempo é a distância percorrida”, afirma, e “levantar capital é muito importante para dar velocidade em produto, tecnologia e IA” .

A Voa captou inicialmente com investidores pessoa física e, em seguida, realizou uma rodada seed de US$ 3 milhões liderada pela Prosus Ventures, braço de investimentos da Prosus, controladora do iFood e investidora da Tencent. Essa injeção de recursos permitiu à startup migrar de dependência de APIs de terceiros para uma infraestrutura própria de processamento de modelos, reduzindo latência, custo e riscos de indisponibilidade .

Até o momento, a empresa acumula R$ 2,5 milhões em receita anualizada e projeta atingir R$ 12 milhões em 18 meses, apoiada pela eficiência operacional e pela expansão nos canais de distribuição já validados . O investimento, portanto, não apenas acelerou o desenvolvimento de produto, mas também permitiu testar novos mercados e estratégias de precificação, sempre com foco em escalar a base de médicos ativos e otimizar o modelo de assinatura.

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Qual o papel de CEO nesse contexto?

A jornada de Solano até a Voa Health mistura formação médica, paixão por tecnologia e espírito empreendedor. Durante a faculdade de medicina, ele programava e aplicava data science em pesquisas, o que o levou a trabalhar com visão computacional e IA em startups do setor de saúde. Essa combinação de vivência clínica e conhecimento técnico o preparou para identificar gargalos reais e desenhar soluções que dialogam diretamente com as necessidades do dia a dia médico .

Como CEO, Solano acredita que o papel do fundador é dinâmico e deve evoluir conforme a empresa cresce. Inicialmente, é fundamental “eliminar vieses e decidir o que não fazer” para manter a visão clara, ainda que o mercado e a tecnologia mudem rapidamente . Para ele, a liderança deve ser pautada pelo exemplo: é hands-on tanto na parte técnica quanto na estratégia de mercado, dividindo com o cofundador responsabilidades de produto e go-to-market de forma complementar.

Um dos maiores desafios apontados pelo CEO é a gestão de pessoas e cultura, especialmente em companhias de IA, onde recrutar talentos qualificados é crítico. Solano defende que “procurar primeiro as pessoas e depois alavancar o que cada um tem de melhor” é essencial para construir equipes enxutas e altamente produtivas . Além disso, manter a motivação e o alinhamento em torno de objetivos claros. Como a meta de receita anualizada de R$ 12 milhões e a comprovação de um ecossistema multiprofissional usando a Voa. São marcos que o CEO define para os próximos 6, 12 e 18 meses.


A trajetória de Solano à frente da Voa Health ilustra o encontro entre conhecimento profundo do setor de saúde e aplicação inteligente de IA.

Ao fundar uma startup que resolve uma dor real, colher investimentos estratégicos e liderar uma equipe focada em acelerar aprendizados e executar com excelência, Solano demonstra como o papel do CEO vai muito além da visão: envolve tomada de decisão ágil, gestão de pessoas, clareza estratégica e hands-on constante.

À medida que a Voa avança para se tornar uma plataforma colaborativa de IA para todo o ecossistema de saúde, fica clara a relevância de seu modelo de negócio e o impacto que líderes com perfil médico-tecnológico podem ter na transformação do cuidado à saúde.

Nos vemos na próxima edição

— Luiz

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